SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Rodrigo Nestor, 23, já experimentou em sua ainda breve carreira os efeitos da variação de humor do torcedor. Elogiado por seu papel na conquista do Campeonato Paulista de 2021, teve momentos de baixa, assim como o São Paulo, e se habituou a ser vaiado.
“Acho que eles me criticam porque cheguei um tamanho a que tantos queriam chegar. Lógico, ninguém gosta de ser vaiado. Mas é uma equipe gigante que está carente de títulos. Talvez eles me escolham na hora da dificuldade. Então, se o time não ganha, é culpa do Nestor, foi porque o Nestor não fez isso”, afirmou, em entrevista à ESPN, no fim de julho.
Apenas dois meses depois, ele se tornou o herói da maior conquista do clube do Morumbi em 15 anos. Após vitória por 1 a 0 no Rio de Janeiro, a formação tricolor empatou por 1 a 1 com o Flamengo e levou a Copa do Brasil, seu primeiro título nacional desde o Campeonato Brasileiro de 2008.
O jogo de ida, no Maracanã, teve seu placar definido em um cruzamento preciso de Nestor para Calleri. Na partida de volta, no Morumbi, logo após o gol marcado pelo adversário, Rodrigo pegou rebote fora da área e acertou um chute também preciso, forte, no canto esquerdo de Rossi.
“Seria difícil ir para o vestiário perdendo. Chutei a bola, gritei demais, chorei e voltei para o meio do campo”, disse o jogador, que derramou novamente lágrimas ao apito final do árbitro Bráulio da Silva Machado.
“Foi um choro verdadeiro, de alívio, de muita alegria. Estava muito feliz. Pensava antes do jogo que choraria e que seria de alegria. Foi um choro de coração. Sou muito puro. Minha energia está só para coisas boas. E estou muito feliz”, afirmou à ESPN.
O atleta ainda dizia estar “em êxtase” um dia após a conquista. “Não consegui assimilar tudo. Parece que estou vivendo um sonho, aproveitando demais. Acho que merecíamos um momento como este.”
Rodrigo dedicou o gol decisivo a seu pai, que fazia aniversário. E recordou o avô, que acompanhava atentamente os passos do neto e morreu em 2021, de Covid-19.
“Sei que ele está me olhando lá de cima. Meu avô era uma pessoa sensacional. Uma pena que ele não tenha conseguido me assistir ao vivo no Morumbi. Tenho certeza de que era um sonho dele e meu também. Mas, como falei, sei que ele está me olhando lá de cima e está muito orgulhoso”, declarou, ressaltando que usa Nestor às costas. “O nome na camisa é só para aumentar e glorificar o nome dele.”
O paulistano mostrou também gratidão a Fernando Diniz, que o dirigiu no São Paulo em 2020. Ele conhece bem o atual treinador da seleção brasileira e tem esperança de reencontrá-lo no time nacional, em alguma das próximas convocações.
“Sou muito grato ao Diniz, aprendi demais com ele. Fiquei um ano treinando ali, quando subi dos juniores, e realmente aprendi. Não foi à toa que ele chegou à seleção. Mas, claro, não basta conhecer o treinador da seleção. Você precisa trabalhar no dia a dia, ganhar títulos e se manter no radar”, declarou.
Por ora, o jovem está satisfeito com o que alcançou no domingo. Ele sabe que o humor do torcedor é volátil, mas sabe também que aqueles que o vaiaram tiveram de aplaudi-lo no maior triunfo tricolor em mais de uma década.
Sem mágoas, ao celebrar o gol decisivo, berrou para o público presente nas arquibancadas do Morumbi: “Amo vocês, c…! Eu amo vocês, p…!”.
Redação / Folhapress