Zoológico de BH precisa de R$ 233 milhões para modernização e reformas

BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) – O zoológico de Belo Horizonte precisa de investimentos de R$ 233 milhões, conforme edital de concessão publicado pela prefeitura, que acabou sem interessados.

Os recursos são necessários para construção de estacionamento de veículos, adequação dos ambientes dos animais e organização por núcleo temático, reforma de estufas e implantação de banheiros e restaurantes.

O edital foi publicado em agosto e a abertura dos envelopes foi marcada para o último dia 14. Porém, a concorrência foi considerada deserta, ou seja, ninguém apresentou propostas. A prefeitura afirmou que vai reformular o documento.

“O município de Belo Horizonte está revisando o edital para identificar possíveis ajustes e adequações, com o intuito de aumentar a atratividade do negócio, de forma a atender aos interesses dos setores público e privado”, disse o município, em nota.

A reportagem esteve no zoológico na quarta (20). Veículos de visitantes e ônibus de excursões são estacionados nas vias que dão acesso aos ambientes dos animais.

A lanchonete do zoológico foi desativada há anos. Lanches são feitos em food trucks. Nesta quarta havia apenas um funcionando. Para quem prefere levar comida de casa, são permitidos piqueniques.

Uma das primeiras atrações, logo após a entrada principal do zoológico, é o jardim japonês. A cascata, porém, não está funcionando por problema técnico, conforme funcionários.

Segundo a prefeitura, a cascata é acionada com frequência, dentro das ações de manejo do lago, que possui carpas representativas do ambiente.

No Jardim Botânico do zoológico também há problemas relacionados a água. Um pequeno lago artificial que fica dentro de estufa Mata Atlântica está seco. Parte da estrutura metálica externa da estufa está enferrujada e apresenta pichações.

Na parte externa de outra estufa, onde o visitante pode ter informações sobre a evolução das plantas, há mais um pequeno lago artificial, que também está seco e foi cercado.

Segundo a prefeitura, os lagos artificiais do jardim botânico foram desativados devido à necessidade de manutenção corretiva, evitando assim o desperdício de água.

No setor dos animais, especificamente, uma área destinada a micos está desativada. Ali próximo, uma lhama macho vive sozinha. Do outro lado do zoológico, perto da área destinada a um casal de elefantes, está, também vivendo só, um rinoceronte branco fêmea.

É o animal de mais idade do zoológico, com 53 anos. Chegou a Belo Horizonte em 1972 vindo da Alemanha. Luna, como foi batizada, passa por problemas de saúde. Na natureza, rinocerontes vivem cerca de 30 anos, tempo que é maior quando estão em cativeiro.

“Estou em tratamento de um conjuntivite alérgica crônica e machucados na pele, relacionados à minha idade avançada. Todos os dias uma equipe muito dedicada vem cuidar dos meus olhos e passar pomada cicatrizante no meu corpo”, diz aviso na cerca do ambiente destinado ao animal.

O garçom Flávio Aniceteo, 40, que na quarta visitava o zoológico com a família, afirmou que gostaria de ver um número maior de animais no local. “Deveria ser uma prioridade”, disse.

Para o estudante Thiago Cardoso, 19, o zoológico é muito grande e deveria ser mais bem aproveitado. No momento em que foi entrevistado pela reportage,, reclamou da sinalização das atrações.

A reportagem enviou questionamentos à gestão do prefeito Fuad Noman (PSD) sobre o fato de animais estarem sozinhos, em idade avançada e sobre ambientes desativados. Perguntou também se as obras necessárias serão realizadas pelo município ou se ficarão a cargo da próxima administração, caso a próxima licitação tenha interessados.

Em resposta, a Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica (FPMZB) afirmou que “animais sob cuidados humanos nos zoos atualizados são, antes de tudo, vidas silvestres (não produtos de exposição) não cabendo, portanto, tratar essa composição como ‘reposição’ ou ‘ausência’ de animais”.

A prefeitura disse ainda que a chegada de animais depende de permutas ou transferências de outros zoológicos via planos nacionais de conservação de espécies ou parcerias diretas.

Sobre obras, o município disse que requalificações e melhorias continuam sendo realizadas de forma rotineira e programada.

“Dentre as intervenções em andamento atualmente, está a reforma da Praça das Aves e também da Praça Nacional [onde ficam parte dos animais da fauna nacional].”

A área do zoológico em que estão os animais, o jardim botânico, o jardim japonês e uma reserva de mata de cerrado tem 1,4 milhão de metros quadrados, ou cerca de 170 campos de futebol. Juntando todas as espécies, o zoológico tem cerca de 3.500 animais.

Ao menos na quarta, quando o movimento é mais fraco, os banheiros que já existem no zoológico estavam limpos.

As pias tinham sabão e papel toalha. As lixeiras ao longo das vias de acesso aos animais e jardins tinham sacola plástica para facilitar a coleta. Estavam disponíveis também grandes compartimentos para descarte de recicláveis.

A prefeitura estimou na licitação sem interessados que as receitas durante o período de concessão de toda a estrutura, incluído o aquário com espécies do rio São Francisco, é de R$ 2,6 bilhões.

O valor é decorrente da cobrança de ingressos e exploração de serviços. O prazo de concessão é de 30 anos.

LEONARDO AUGUSTO / Folhapress

COMPARTILHAR:

Participe do grupo e receba as principais notícias de Campinas e região na palma da sua mão.

Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.

NOTÍCIAS RELACIONADAS