‘Estou tentando construir uma relação de confiança com governo’, diz Campos Neto

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta quinta-feira (28) estar tentando construir uma relação de confiança com o governo e evitou comentários sobre o encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Palácio do Planalto.

“Na reunião, estávamos eu, o presidente Lula e o ministro [Fernando] Haddad, somente. Eu estou tentando construir uma relação de confiança, o que nós combinamos é que eu não comentaria nada sobre a reunião. O ministro Haddad fez alguns comentários e eu concordo integralmente com os comentários dele”, disse Campos Neto a jornalistas, após apresentação do relatório trimestral de inflação.

Depois do encontro, que durou cerca de 1h20, Haddad afirmou que a reunião na sede do Executivo serviu de início de construção de uma relação entre Lula e Campos Neto e falou em “pactuação” para que essas agendas sejam mais frequentes.

“Penso que foi um encontro institucional, de construção de relação, de pactuação em torno de conversas periódicas. Foi excelente”, afirmou Haddad, na volta ao Ministério da Fazenda.

“Não conversamos sobre tópicos específicos. O presidente [Lula] deixou claro o respeito que tem pela instituição. A reciprocidade foi muito boa da parte do Roberto [Campos Neto], foi uma conversa de alto nível”, disse.

Após meses de clima de beligerância, o presidente do BC foi recebido por Lula no Palácio do Planalto na quarta-feira (27). Foi o primeiro encontro entre os dois desde que o petista assumiu a Presidência da República.

Antes, Campos Neto e Lula tiveram um único encontro presencial, ainda no período de transição de governo, em 30 de dezembro de 2022, no hotel onde o petista estava hospedado.

Aos olhos de Lula, o líder da autarquia passou de “economista competente” às vésperas das eleições a “esse cidadão” ao final do primeiro mês de governo. O presidente também já declarou que o dirigente é “tinhoso” e que “não pode achar que é dono do Brasil”.

Segundo um interlocutor do governo, o início da flexibilização dos juros e o voto de desempate de Campos Neto por um corte de 0,5 ponto percentual na reunião que inaugurou o ciclo de queda da taxa básica (Selic), em agosto, ajudaram a criar um clima mais favorável para Lula receber o presidente do BC.

O pedido de agenda com o chefe do Executivo partiu de Campos Neto, de acordo com relato ouvido pela reportagem. A ponte foi construída por Haddad depois de um almoço com o presidente da autoridade monetária na última quinta-feira (21).

“Não havia necessidade de trabalhar, esse encontro ia acontecer. Eu ajudo no que eu posso”, disse o titular da Fazenda, após a reunião.

NATHALIA GARCIA / Folhapress

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