SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Bolsa brasileira registrou forte alta de 1,22% e fechou aos 115.730 pontos nesta quinta-feira (28), acompanhando as ações americanas após a divulgação de dados econômicos em linha com o esperado nos EUA. No mercado local, o setor financeiro e a Vale subiram e foram os principais apoios do Ibovespa.
Já o dólar passou a maior parte do dia sem direção definida, mas terminou a sessão em leve queda de 0,13%, cotado a R$ 5,039. Como pano de fundo, os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA caíram nesta quinta, enfraquecendo o desempenho da moeda americana.
No Brasil, investidores também repercutiram a divulgação do Relatório Trimestral de Inflação, do Banco Central, que reforçou sinalizações da autoridade monetária sobre a manutenção do ritmo de cortes para a Selic (taxa básica de juros do Brasil).
Nos EUA, o Departamento de Comércio manteve o dado de crescimento do PIB do segundo trimestre em 2,1%, em sua terceira estimativa para o desempenho econômico do período, conforme esperado pelo mercado. Já o resultado do primeiro trimestre foi revisado para cima, para alta 2,2%, ante 2,0% divulgado anteriormente.
Além disso, o departamento divulgou que os pedidos de auxílio desemprego caíram em 20 mil na semana encerrada em 16 de setembro, para 201 mil, num resultado mais forte que o esperado. Economistas consultados pela Reuters previam 225 mil pedidos.
“Todo esse cenário tem fortalecido o dólar, principalmente contra as moedas emergentes. Isso pode ser um fator decisivo, que o Fed aumente [os juros] e tenha mais fuga de capital estrangeiro [do Brasil], buscando taxas altas nos Estados Unidos com um risco bem menor do que a gente tem, ou até sem risco”, diz Gabriel Mota, operador da Manchester Investimentos.
Apesar disso, o dia foi de trégua para os mercados globais. Os títulos do Tesouro americano registraram queda significativa e deram força a ativos de risco, garantindo um dia positivo para as Bolsas americanas. O S&P 500, o Dow Jones e o Nasdaq subiram 0,59%, 0,35% e 0,83%, respectivamente.
“O alívio externo com a queda dos títulos nos EUA veio com os dados do PIB e pedidos de auxílio-desemprego, que trouxeram sinais divergentes sobre a atividade econômica do país e podem estimular o Fed a não fazer novos aumentos dos juros ou a não prolongar a manutenção em níveis elevados atuais”, afirma Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos.
Agora, investidores do país aguardam a divulgação de novos dados de inflação previstos para sexta (29), que darão mais clareza sobre uma possível pausa nas taxas do Fed.
Na esteira do alívio nos títulos, o dólar também registrou queda globalmente. O índice DXY, que mede o desempenho do dólar ante outras moedas fortes, caiu 0,48%.
No Brasil, o Banco Central divulgou seu Relatório Trimestral de Inflação, onde projetou crescimento de 1,8% para o PIB do Brasil em 2024, acima da expectativa do mercado, mas abaixo da previsão do governo. Além disso, o BC elevou as chances de um estouro da meta de inflação neste ano.
Para João Savignon, chefe de pesquisa macroeconômica da Kínitro Capital, o documento não trouxe surpresas para o mercado local.
“O documento deve ser lido como neutro em termos de política monetária. As alterações nas projeções vieram na direção esperada e a avaliação dos cenários confirmam que a ‘barra’ para BC acelerar o ritmo dos cortes é muito alta”, afirma Savignon.
O desempenho positivo da Bolsa brasileira, no entanto, foi apoiado principalmente pela melhora no exterior. As curvas de juros futuros mais longas do país acompanharam as americanas e tiveram forte queda: os contratos com vencimento em janeiro de 2027 foram de 11,05% para 10,90%, enquanto os para 2029 caíram de 11,55% para 11,39%.
Com isso, o Ibovespa registrou forte alta, e os maiores ganhos foram das “small caps”, empresas menores e mais sensíveis aos juros locais. CVC, Assaí e Arezzo lideraram altas do dia com avanços de 7,29%, 5,35% e 4,21%, respectivamente, e o índice que reúne essas empresas subiu 1,70%.
O principal impulso do índice, no entanto, veio da Vale e dos bancos. A mineradora registrou alta de 1,52% e foi o papel mais negociado da sessão. O Itaú e o Banco do Brasil também ficaram entre as ações de maior volume do dia e subiram 2,63% e 3,20%, respectivamente, apoiando o índice financeiro da Bolsa brasileira, que terminou o dia com ganho de 2,23%.
Na ponta negativa, a Petrobras foi a única dentre as mais negociadas a registrar queda, com recuo de 0,26%, acompanhando o declínio do petróleo no exterior.
Redação / Folhapress