SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Pesquisadores encontraram os sapatos “mais antigos da Europa”, bem preservados, em uma caverna na Espanha. Análises apontam que eles têm cerca de 6.000 anos.
Uma equipe de cientistas analisou os 22 calçados, que foram encontrados ao lado de cestos de pedaços de tecido com uma trama complexa, além de artefatos de madeira.
Os ‘sapatos’, na verdade, são sandálias tecidas com uma fibra vegetal chamada esparto, muito parecidas com as alpargatas modernas. O esparto é uma fibra produzida a partir de duas espécies de gramíneas perenes do norte da África, Espanha e Portugal. É usada no artesanato, para confecção de cordas, cestaria e alpargatas.
Remontando ao período neolítico, os calçados encontrados na Espanha são ainda mais antigos do que o sapato de couro de 5.500 anos descoberto na Armênia, em 2008.
Um estudo com a análise detalhada dos calçados foi publicado na quarta-feira (27), na revista científica Science.
DESCOBERTA VAI ALÉM DE CALÇADOS
Os pesquisadores identificaram que alguns dos 76 objetos encontrados foram criados há até 9.500 anos, tornando esta a primeira evidência direta da fabricação de cestos entre as primeiras sociedades de caçadores e coletores.
As descobertas revelam a surpreendente habilidade manual de nossos ancestrais neolíticos, segundo os pesquisadores.
O achado abre uma janela de oportunidade para a compreensão das últimas sociedades de caçadores e coletores do início do Holoceno, segundo Martínez Sevilla, pesquisador da Universidade de Alcalá Francisco.
“A qualidade e complexidade tecnológica das descobertas faz-nos questionar as suposições simplistas que temos sobre as comunidades humanas antes da chegada da agricultura ao sul da Europa”, disse Martínez Sevilla, pesquisador.
CAVERENA DOS MORCEGOS
As sandálias e outros artefatos foram recuperados na Cueva de los Murciélagos (Caverna dos Morcegos), em Albuñol, na cidade de Granada, uma caverna onde uma câmara mortuária foi descoberta por mineiros no século 19.
Segundo os pesquisadores, o local foi acessado pela primeira vez em 1831, por um fazendeiro que coletou guano (excrementos de morcego), rico em nitrogênio, para usar como fertilizante.
Após a descoberta de um veio de minerais, a caverna foi explorada para mineração e uma galeria escondida foi revelada.
Os mineiros saquearam os tesouros arqueológicos do local, incluindo vários cadáveres mumificados e os restos mortais de 68 outros indivíduos.
Redação / Folhapress