SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em mais uma amostra de seu crescente interesse pela política americana, Elon Musk decidiu se voltar para o debate sobre migração irregular nesta quinta-feira (28) ao visitar a fronteira entre Estados Unidos e México.
O bilionário descreveu a iniciativa, que ele transmitiu na plataforma X, o antigo Twitter, adquirido por ele em abril passado, como uma tentativa de ter um contato “sem filtros” com a situação local. Musk conversou com políticos locais e agentes das forças de segurança e defendeu que a imigração irregular seja combatida, e a legal, facilitada.
O empresário lembrou ainda que ele mesmo é um imigrante –o dono da Tesla e do SpaceX nasceu na África do Sul– e se declarou “extremamente a favor da imigração”. “Queremos fazer ambas as coisas: facilitar a imigração legal e impedir o fluxo de pessoas que […] tem levado ao colapso dos serviços sociais.”
Com chapéu de cowboy preto e óculos escuro, Musk defendeu uma reforma na política migratória americana para que as pessoas em situação legal tenham “aprovação rápida” num sistema que acolha “trabalhadores e honestos” e, ao mesmo tempo, proíba a entrada daqueles que “infringem a lei”.
A visita de Musk à região de fronteira ocorre num momento em que as autoridades americanas lidam com números recordes de migrantes em situação irregular. Só em 2022, 2,6 milhões de pessoas foram flagradas atravessando para o território americano sem autorização, número sem precedentes. O fluxo é formado em grande parte por pessoas que fogem da crise na América Latina após a pandemia, acentuada em regiões que já viviam emergências humanitárias, como Venezuela, Haiti e áreas dominadas por criminosos na América Central.
O tema voltou ao centro do debate político dos EUA nos últimos dias, depois que milhares de migrantes se concentraram no norte do México –muitos depois se arriscaram em viagens de trens de carga e de ônibus numa tentativa de atravessar a fronteira. O crescimento das capturas de pessoas em situação irregular sucede um período em que as travessias arrefeceram, na sequência de uma nova política de asilo imposta pela administração do presidente Joe Biden.
Musk foi à cidade fronteiriça de Eagle Pass, no Texas, onde multidões de migrantes tentam atravessar o rio Grande todos os dias apesar da vigilância dos agentes de fronteira e das cercas de arame farpado instaladas pelas autoridades locais.
Em um dos vídeos transmitidos no X, ele aparece ao lado do deputado republicano Tony Gonzales, crítico da política migratória adotada pelo governo Biden –segundo o político, as pessoas na fronteira “realmente se sentem abandonadas”.
O bilionário tem se envolvido cada vez mais com a política nos últimos meses. Em maio, o governador da Flórida, Ron DeSantis, 44, anunciou a pré-candidatura à Presidência dos EUA na eleição de 2024 numa transmissão ao vivo no X, junto de Elon Musk.
Neste mês, Musk admitiu que recusou um pedido da Ucrânia para usar sua rede de satélites Starlink em um ataque de grande escala contra a Rússia. Na semana passada, o empresário se encontrou com o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, que o instou a equilibrar a proteção da liberdade de expressão e o combate ao discurso de ódio na plataforma X. Também foi alvo de críticas por comparar a ilha de Taiwan, considerada uma província rebelde pela China, ao território ao Havaí, parte dos EUA.
Musk ainda palpitou sobre a política migratória na Europa. Nesta sexta, ele republicou um vídeo que mostra uma operação de resgate a migrantes no mar feita por uma organização que seria financiada pelo governo alemão. O texto que acompanha a gravação diz que os migrantes em situação ilegal são recolhidos e, depois, “descarregados” à Itália. “Esperamos que a AfD [partido de extema direita alemão] ganhe as eleições para impedir este suicídio europeu”, diz trecho do texto.
“O público alemão sabe disso?”, perguntou Musk no X. Em resposta, a conta em inglês da chancelaria alemã respondeu: “Sim, e se chama salvar vidas”.
Redação / Folhapress