RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A Polícia Rodoviária Federal (PRF) vai passar a fazer parte do patrulhamento da avenida Brasil, a principal via expressa do Rio de Janeiro. Segundo o ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), a corporação vai integrar o policiamento da avenida a partir da próxima semana.
Este ano, ao menos duas pessoas foram mortas durante operações da PRF em vias da Baixada Fluminense. Os agentes evolvidos nos casos estão sendo investigados.
O anúncio sobre a participação da corporação na segurança da avenida foi feito nesta segunda (2) pelo Ministério da Justiça. Não foram divulgados mais detalhes.
Na semana passada, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), e o secretário-executivo da pasta, Ricardo Cappelli, se reuniram para debater o envio de reforços federais para frear a escalada de violência no estado.
Hoje o patrulhamento da via é feito pela Polícia Militar -agora, as duas corporações devem atuar conjuntamente.
A avenida Brasil passa por ao menos 26 bairros da cidade do Rio e liga o centro da capital fluminense à Santa Cruz, na zona oeste. A via inclui ainda três trechos de rodovias federais: BR-101, BR-116 e BR-040.
O estopim para que a PRF passasse a patrulhar a avenida se deu após criminosos jogarem uma bomba caseira dentro de um ônibus que passava pela via, na altura de Costa Barros, bairro da zona norte. O caso aconteceu na noite de 27 de setembro. Três pessoas ficaram feridas no ataque.
Nesta segunda-feira (2), Dino afirmou que o diretor da Polícia Rodoviária Federal, Antônio Fernando Oliveira, e o secretário Nacional de Segurança Pública, Tadeu Alencar, devem ir para o Rio ainda nesta semana para definir o plano operacional.
“Nunca vamos atuar em substituição às forças estaduais, mas sempre em complemento. Significa em ações integradas e significa ação própria, como as BRs do Rio de Janeiro, onde fazemos desde junho uma rigorosa fiscalização de roubos de carga”, disse o ministro.
Dino também autorizou o uso da Força Nacional no Rio de Janeiro. A medida é uma reação a imagens de criminosos em treinamento de guerrilha dentro de uma área de lazer no conjunto de favelas. O flagrante foi captado por drones da Polícia Civil do Rio como parte de uma investigação que durou dois anos e identificou mais de mil criminosos que controlam a área.
Segundo o ministério, a atuação do governo federal no estado vai contar com 300 homens da Força Nacional (sendo que 250 já estão no estado), 50 viaturas e mais 270 policiais rodoviários federais, 22 blindados, um veículo de resgate e um helicóptero.
AGENTES DA PRF INVESTIGADOS
Recentemente a Polícia Rodoviária Federal no Rio esteve envolvida em dois casos em que pessoas morreram em ações da corporação. Agentes da PRF são investigados pela morte de Heloisa dos Santos Silva, 3, e de Anne Caroline Nascimento, 26.
Em duas perseguições diferentes, uma em junho e outra em setembro, os policiais abriram fogo contra os carros em que as vítimas estavam. As investigações dos dois casos apontam que os agentes atiraram antes mesmo que os veículos pudessem responder a ordem de parada.
Nascimento foi morta na madrugada do dia 17 de junho, ao ser baleada na rodovia Washington Luiz, na Baixada Fluminense. Já Heloisa morreu em 16 de setembro, após passar 9 dias internada por ter sido atingida por disparos na nuca e no ombro. Ela passava pelo Arco Metropolitano, rodovia patrulhada pela PRF que contorna a região metropolitana fluminense.
Os dois casos são investigados pela corregedoria da PRF e pela Polícia Federal.
Há ainda o caso de Genivaldo de Jesus Santos, morto em maio de 2022, em uma abordagem de agentes da PRF em Umbaúba, Sergipe.
Após a morte de Heloisa, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) afirmou que existência da corporação devia ser repensada.
“Ontem, Genivaldo foi asfixiado numa viatura transformada em câmara de gás. Agora, a tragédia do dia recai na menina Heloisa Silva. Para além da responsabilização penal dos agentes envolvidos, há bem mais a ser feito. Um órgão policial que protagoniza episódios bárbaros como esses -e que, nas horas vagas, envolve-se com tentativas de golpes eleitorais-, merece ter a sua existência repensada”, escreveu na rede social X, antigo Twitter.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, o diretor-geral da PRF, Antônio Fernando Oliveira, afirmou que a extinção da corporação não deve ser cogitada como solução para seus problemas.
Redação / Folhapress