SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Compra da Órama pelo BTG reforça cenário de consolidação de corretoras, CEO do Airbnb coloca “arrumação da casa” como principal prioridade da plataforma e outros destaques do mercado nesta terça-feira (3).
**BTG COMPRA MAIS UMA CORRETORA**
O BTG Pactual anunciou nesta segunda a compra da Órama Investimentos, por R$ 500 milhões.
A corretora tem aproximadamente R$ 18 bilhões em ativos sob custódia e 360 mil clientes, e apenas o negócio de gestão de fundos não foi incluído na transação.
A Órama foi lançada em 2011 como uma plataforma dedicada à distribuição de fundos de investimentos.
Desde então, ela realizou rodadas de captação, que envolveram a entrada no negócio da Globo Ventures, em 2017, e da SulAmérica, em 2019 cada uma tinha 25% da corretora.
A estratégia do BTG: a compra fortalece a instituição em um mercado cada vez mais concentrado, em que as grandes do setor estão adquirindo rivais de menor tamanho.
O banco de André Esteves já abocanhou nos últimos anos as corretoras Necton, Fator e Elite, além de ter tirado da XP escritórios de assessores de investimentos, como Acqua-Vero e EQI, atraídas pelo projeto de virarem corretoras tendo o BTG como sócio.
A XP levou as operações de Rico, Clear e Banco Modal. Ela também se tornou sócia de corretoras que surgiram de escritórios de assessores, como Faros, Messem e Monte Bravo.
O Itaú comprou uma posição majoritária nas corretoras Ideal e Avenue essa de investimentos no exterior.
Entre as fintechs, o Nubank entrou nesse mercado com a compra da Easynvest em 2020, enquanto o C6 tem 46% do seu capital de propriedade do bancão americano JPMorgan.
Há ainda casos de grandes grupos estrangeiros que aportaram recursos em negócios locais, caso da chinesa Fosun, que adquiriu a Guide, e do GIC, o fundo soberano de Singapura, que investiu na Warren.
Mesmo com toda essa concentração, há casas que apostam na independência, como mostrou a Folha no mês passado.
**NO AIRBNB, CHEGOU A HORA DE ARRUMAR A CASA**
Em meio a uma série de desafios envolvendo hóspedes, anfitriões e autoridades públicas, o Airbnb decidiu que é hora de parar tudo para arrumar a casa.
O recado foi dado pelo fundador e CEO da plataforma, Brian Chesky, à Bloomberg.
“Nosso sistema foi projetado para uma empresa muito menor que cresceu como louca. É como se nunca tivéssemos construído completamente a base. Tipo, tínhamos uma casa e ela tinha quatro pilares quando precisávamos ter dez.”
OS CONFLITOS QUE PREOCUPAM O CEO DO AIRBNB:
↳ Hóspedes x anfitriões: quem está visitando quer gastar menos e ter garantia de que receberá aquilo que viu quando fechou o aluguel. Quem está cedendo o imóvel está preocupado com possíveis quedas nas reservas e em seus resultados financeiros.
– Como o Airbnb quer resolver: com o uso de IA (inteligência artificial). Ela servirá para garantir que a acomodação existe combinando fotos da casa com imagens do Google Earth, por exemplo.
– Para os anfitriões, a ferramenta irá ajudar com informações sobre preço, comparando com diárias de hotéis. Também irá reconhecer hóspedes que promovem festas nos locais alugados algo que viola as políticas da plataforma.
↳ Governos x Airbnb: algumas cidades têm restringido o aluguel de casas e apartamentos pela plataforma, sob a justificativa de que isso elevou os preços dos imóveis. O caso mais notório é o de Nova York, que ameaça multar quem adotar essa prática.
– Como o Airbnb quer resolver: o primeiro passo foi diminuir a dependência da cidade sobre suas receitas, que em 2010 era algo em torno de 70%. Hoje, nenhum local representa mais de meio por cento dos negócios.
– A plataforma também aposta em outros serviços em Nova York, como aluguel de passeios guiados ou sessões de fotos.
– Também há um interesse de voltar às origens da empresa com o “Airbnb Quartos”. A promessa é de tornar mais atrativo, prático e seguro o aluguel de cômodos individuais a ideia original na época da criação da startup, em 2008.
**CASAS DE CÂMBIO BOMBAM NA ARGENTINA**
A crise econômica que joga argentinos na pobreza, devasta o câmbio e faz disparar a inflação local acaba alimentando ao mesmo tempo um boom de corretoras do mercado financeiro.
A razão para isso está na corrida frenética dos moradores do país para transferir para dólares os pesos que elas recebem antes que a moeda local acabe perdendo ainda mais valor.
O movimento gerou uma contratação em massa dessas casas financeiras, que correm para abrir novos escritórios e lançar apps para smartphones.
Ao mesmo tempo, os bancos cortam pessoal porque há pouco investimento.
ENTENDA
O contraste no mundo financeiro acontece porque são as casas de câmbio que operam o dólar paralelo, chamado de “blue”.
Essa cotação, apesar de não ser uma das dezenas que existem oficialmente, é a que rege o dia a dia do comércio local, sendo a base do reajuste de preços.
A Folha de S.Paulo mostrou em agosto como a explosão do dólar depois das eleições primárias no país desnorteou até mesmo brasileiros que estavam acostumados com o sobe e desce da moeda local.
**DONO DA GOCIL PEDE RECUPERAÇÃO JUDICIAL**
O Grupo Handz, dono da Gocil Serviços de Vigilância e Segurança, entrou com pedido de recuperação judicial na última sexta (29). A companhia declarou dívidas de R$ 1,76 bilhão, a maior parte com instituições bancárias.
O grupo é formado por 12 empresas, dos setores de serviços gerais, segurança, imobiliário e agronegócio. Veja aqui todas elas.
Na petição, também aparece entre as recuperandas o próprio dono do Grupo Handz, Washington Umberto Cinel, empresário conhecido por ser um dos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O empresário aparece na lista porque emprestou dinheiro ao negócio, explica Filipe Denki, advogado especialista em recuperação judicial, do Lara Martins Advogados.
O grupo atribui a crise à queda da demanda provocada pela Covid-19, à alta alavancagem para financiar as atividades agropecuárias e ao aumento na taxa de juros Selic.
Entre os grandes clientes citados pela empresa estão o Hospital Israelita Albert Einstein, a Universidade de Caxias do Sul (UCS), a multinacional de alimentos Nestlé, a empresa de shopping centers Iguatemi e o grupo DPSP, dono da Drogaria São Paulo.
PARA CONTINUAR NO ASSUNTO RECUPERAÇÃO JUDICIAL:
– A Justiça inseriu a Max Milhas no processo de sua controladora, a 123Milhas;
– A Light Energia, subsidiária de geração e transmissão da Light, pediu a saída do processo que envolve sua holding.
**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**
MERCADO
Senado aprova projeto de lei do Desenrola com limite para rotativo. Texto foi aprovado às pressas para não paralisar programa; próxima fase deve beneficiar 32 milhões de pessoas.
PETROBRAS
Petrobras chega aos 70 atrasada em renováveis e com restrições para ampliar reservas de petróleo. Em sete décadas, empresa cumpriu papel de tornar país autossuficiente, mas enfrenta desafios futuros.
BANCO DIGITAL
Teste vê fragilidade em apps de bancos no golpe da mão fantasma; veja o que fazer. Para instituto, bancos deveriam suspender uso do aplicativo quando detectam programa de acesso remoto.
IFOOD
Restaurantes acusam iFood de ameaçar aumento de taxa para quem não renovar exclusividade. OUTRO LADO: empresa diz que prática está dentro das regras acordadas com o Cade para limitar poder de mercado.
MERCADO
Startup cria ‘Transformers’ real com 4,5 m de altura e que custa US$ 3 milhões. Empresa exibe robô que vira veículo e pode atingir velocidade de 10 km/h.
ARTUR BÚRIGO / Folhapress