SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Flertar na escola, brincar com amigos na rua ou apenas chegar a compromissos no horário parecem atitudes simples, mas a realidade é bem diferente para Bea. A protagonista de “Uma Família Extraordinária”, filme que chega aos cinemas nesta quinta-feira (5), é interpretada por Kiernan Shipka (a estrela da série “O Mundo Sombrio de Sabrina”, da Netflix) e precisa lidar com o fato de ter pais com deficiência intelectual.
Essa conjuntura familiar é o que guia a trama. Filmes em que um personagem tem algum tipo de transtorno ou alteração não são novidade em Hollywood, mas em “Uma Família Extraordinária” não é a protagonista que passa por isso -e sim os pais dela, o que acabam interferindo na vida da jovem estudante por tabela.
A história tem um tom autobiográfico, já que foi roteirizada por Matt Smukler, que também assina a direção. Ele se inspirou nos cuidados que observou a própria sobrinha tendo com os pais dela, que eram neurodivergentes.
Antes mesmo de as primeiras imagens tomarem a tela, a expectativa é de que o espectador precisa estar preparado para assistir a um drama pesado. Porém, algumas piadas dos próprios personagens ajudam a amenizar o tom. “É uma família que adora rir o tempo todo, tinha colocar isso na tela”, explica Smukler em entrevista em vídeo à reportagem.
“É difícil em alguns momentos, porque é um tipo de humor bem específico, algo só deles, mas que evidentemente mostra o quanto se amam”, avalia. “De fora, até parece meio bobo, mas é divertido de ver.”
Ao longo da trama, Bea vai tentando se encaixar nas rotinas de uma jovem de sua idade, interrompidas pela condição peculiar de sua família. Cabe a um professor indicar que ela foque mais nela, e menos nas expectativas dos demais.
A história sobre amadurecimento e superação, segundo Smukler, empolgou as pessoas reais que inspiraram o roteiro. “É surreal para todo mundo ver a eles próprios no filme. Eles foram minha inspiração, mas tive muita liberdade criativa”, pontua.
Além de sua estreia na direção de longa-metragem de ficção, o processo foi ainda mais intenso que o habitual, já que o filme é uma adaptação de um documentário (“Wildflower”) que ele fez sobre a mesma história. Foram mais de seis anos de dedicação.
As diferenças entre as duas obras? Smukler diz que a nova produção é bem mais livre e romantizada. “Acho que ficou mais acessível às pessoas”, avalia. “É claro que tive que me distanciar para fazer um filme novo, colocando esses elementos cômicos. Parece ter dado certo.”
JÚLIO BOLL / Folhapress