Filas chegam a quase 10h em balsa para Ilhabela, no litoral norte de SP

SÃO SEBASTIÃO, SP (FOLHAPRESS) – Motoristas que aguardavam a travessia de balsa entre São Sebastião e Ilhabela, no litoral norte de São Paulo, reclamam da demora de quase dez horas na última semana, e da falta de modernização das embarcações.

Na quinta-feira (28), a travessia ficou interrompida por 9h38, devido aos ventos de 67,5 km/h no canal de São Sebastião e a maré desfavorável, segundo o governo estadual. No dia seguinte, mesmo sem ventos e com condições melhores, a reportagem acompanhou motoristas que já esperavam por cinco horas.

Uma petição organizada por moradores e lojistas cobra uma resposta da gestão Tarcísio Freitas (Republicanos) sobre as falhas.

O governo estadual diz ter havido problemas técnicos na rota e restrições climáticas para explicar a demora. Quando os ventos ultrapassam 46 km/h, a operação é automaticamente suspensa para garantir a segurança de passageiros e tripulantes.

No sábado (30), a secretária estadual de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, Natália Resende, esteve no local, e disse que haverá R$ 31,7 milhões de investimentos no trecho.

Sobre a gestão estadual, Na sexta, quando a reportagem acompanhou a travessia a partir de São Sebastião, as filas de veículos e caminhões eram enormes, tanto a comum como a de veículos com hora marcada e prioridades (idosos e portadores de necessidades especiais).

O motorista Diego da Silva, de Ilhabela, contou que estava há cinco horas na fila dos caminhões aguardando a travessia.

“Faço essa viagem todos os dias, para levar areia, pedra, enfim material de construção para um depósito em Ilhabela. Os caminhoneiros enfrentam muitas dificuldades quando tem vento e maré adversa na travessia. Nessas situações, caminhões maiores ficam proibidos de fazer a travessia”.

O caminhoneiro Adalberto José Vieira, de Itajaí (SC), iria fazer entrega de peixe e frutos do mar aos restaurantes da ilha, aguardava há 3 horas na fila.

“É a primeira vez que venho para Ilhabela, se soubesse que era assim, não viria. Estou sem previsão”, contou.

Cris Jimenez, que tem casa de veraneio em Ilhabela, estava há quatro horas na fila preferencial da travessia, inclusive, com uma criança no carro. “Venho sempre para a ilha, mas essa situação é incompreensível. O ideal é manter sete embarcações na travessia”.

Álvaro Pereira de Lima, de São Paulo, que viajava com a esposa e o filho de quatro anos, estava há cerca de duas horas parado na travessia.

“É a primeira vez que passo por esta situação, nas vezes anteriores que estive aqui, nunca passei por isso. Vou começar a checar antes de vir, não dá para ficar nesta situação com criança no carro. Tentei comprar a hora marcada, mas não havia vaga”, contou.

O casal Paulo Roitberg e Luciana Toledo, de São José dos Campos, disse que as informações publicadas no site da travessia eram bem diferentes da realidade.

“Estamos há 3h30 na fila de espera ‘preferencial’. É preciso informações mais precisas, principalmente, para quem viaja com crianças e animais e ampliar o número de embarcações, principalmente, nos fins de semana”, disse ele.

Em Ilhabela, empresários, comerciantes e moradores iniciaram uma petição chamada “Governador Tarcísio, Ilhabela pede socorro”.

Dirigida ao governador, que em menos de 36 horas, ultrapassou 5.000 adesões e foi endossada por entidades locais.

A Câmara de Ilhabela agendou uma audiência pública para o dia 9 para discutir os problemas recorrentes na travessia de balsa entre São Sebastião e o município.

O vereador Gabriel Rocha (Solidariedade) protocolou um oficio no Ministério Público cobrando providências para que os problemas na travessia não prejudiquem o abastecimento do comércio e a população da ilha.

Segundo o governo estadual, os R$ 31,7 milhões serão investidos apenas na travessia São Sebastião-Ilhabela, que também, terá a sua frota modernizada até 2024. Haverá o retorno de duas novas balsas na travessia, a primeira delas chega até 9 de outubro e a segunda, no início de novembro.

Outros R$ 48,8 milhões que deverão ser investidos futuramente em obras de dragagem, drenagem e reforma de flutuantes e bolsões.

Seis balsas devem operar na travessia. As demais providências serão adotadas em 2024. Natália Resende disse ainda que uma PPP (Parceria Público Privada) deverá ser viabilizada a partir do segundo semestre de 2025.

Segundo a secretaria estadual, cerca de 7.000 caminhões por mês recorrem à travessia entre São Sebastião e Ilhabela.

Em 2022, foram transportados um total de 1.588.915 de pessoas a pé e 1.647.139 de veículos (carros, caminhonetes, ônibus e caminhões).

SALIM BURIHAN / Folhapress

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