SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A secretária de Cultura do estado de São Paulo, Marília Marton, foi alvo de um protesto de produtores culturais na noite desta quarta-feira (4) durante o lançamento do livro “Teatro de Grupo em Tempos de Ressignificação: Criações Coletivas, Sentidos e Manifestações Cênicas no Estado de São Paulo”, na SP Escola de Teatro.
Marília foi recebida com vaias e gritos na sede da escola, na praça Roosevelt, região central de São Paulo.
“É um absurdo você estar aqui”, disse um dos manifestantes. “Fora, Marília”, gritaram outros.
Durante o protesto, artistas disseram que a secretária do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) prejudica a existência de grupos de teatro no interior de São Paulo. Eles cobram mudanças nos editais da Lei Paulo Gustavo, que sofre fortes críticas do setor cultural.
Entre as reivindicações está a inclusão de cotas para produtores do interior. Diferentemente do que acontece no Proac, uma espécie de Lei Rouanet de São Paulo, os editais da Paulo Gustavo no estado não reservam valores para produtores de fora da capital em segmentos como filmes e séries.
Os grupos reclamam de prazos curtos, exigência de CNPJ com mais de cinco anos e burocracias que estariam inviabilizando a participação de pequenos e médios produtores.
Em reunião no dia 26, a secretária sinalizou a intenção de promover mudanças nos editais. Agora, organizações como FLIGSP (Fórum do Litoral, Interior e Grande São Paulo) cobram o acordo.
A manifestação foi registrada em vídeo. É possível ouvir as vaias e os gritos contra a secretária em meio aos convidados para o lançamento do livro, do selo Lucias, da Associação dos Artistas Amigos da Praça organização social da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativa do Estado de São Paulo, responsável pela gestão da SP Escola de Teatro.
A obra cataloga grupos de teatro do interior e do litoral do estado de São Paulo.
Apesar do protesto, o lançamento foi mantido e a secretária fez um breve discurso, prometendo entregar a pasta melhor do que encontrou.
Ivam Cabral, cofundador da companhia Os Satyros e diretor-executivo da SP Escola de Teatro, falou sobre a importância de Marília Marton para a criação dos cursos teatrais e pediu para a noite não ser de protestos. Ele se propôs a ser mediador entre as partes.
São Paulo é a região do país que recebeu mais recursos da medida, criada para ajudar o setor a se recuperar dos prejuízos causados pela pandemia. Serão por volta de R$ 356 milhões para o estado e R$ 372,4 milhões para as suas 645 cidades, totalizando R$ 728,7 milhões.
CRISTINA CAMARGO / Folhapress