Exclusivo: Transferências milionárias entre sócios da 123Milhas antes de recuperação judicial

Diego Amorim
Diego Amorim
Diretor-executivo da Novabrasil FM na capital federal. Jornalista entre os 10 mais premiados da história de Brasília. Autor de ‘Filho de pandemia’.

Em entrevista ao jornalismo da Novabrasil nesta quinta-feira (5), o deputado federal Ricardo Silva (PSD-SP), relator da CPI das Pirâmides Financeiras, revelou que sócios da 123Milhas fizeram transferências milionárias dias antes de a empresa entrar com pedido de recuperação judicial.

Segundo informações do relatório técnico da Polícia Federal, ao qual o colunista do Conexão Brasília, Diego Amorim, teve acesso em parte, sócios da empresa, no dia 31 de julho deste ano, realizaram cinco transferências em uma única operação, no valor total de R$ 13.570.299,85. O repasse dos montantes individuais, entre R$ 1,4 milhão e R$ 3,6 milhões, foi feito entre os sócios e para parentes e empresas de parentes, incluindo pai e esposa.

O relator da CPI está convicto de que essas transferências não tinham “justificativa aparente” e foram no intuito de “salvar esse dinheiro”, em meio à difícil situação da empresa, que se tornaria ainda mais complicada nas semanas seguintes. Em 29 de agosto, praticamente um mês depois dessas transferências, a 123 Milhas entrou com o pedido de recuperação judicial.

O deputado Ricardo Silva acrescentou que outras transferências, além dessas cinco já constatadas no fim de julho, estão sendo investigadas. Ele reforçou, ainda, que, em seu relatório a ser apresentado na próxima segunda-feira (9), pedirá o indiciamento de sócios da 123Milhas. “Certamente”, disse Silva, destacando que a CPI chegou à conclusão de que a 123Milhas era um esquema de pirâmide.

“Não foi apenas o plano promocional. A 123Milhas, por completo, era insustentável, desde o início. Era um sistema que sempre deu prejuízo. Para manter o sistema, eles tinham que atrair mais pessoas, ampliando a base dessa pirâmide. E tinham de fazer empréstimos bancários”, comentou.

Celebridades investigadas

Na entrevista exclusiva à Novabrasil, o deputado Ricardo Silva antecipou que seu relatório deve mostrar que celebridades como Tatá Werneck e Cauã Reymond, que tiveram sigilos quebrados pela CPI, receberam “valores vultuosos” em contratos de publicidade com empresas acusadas do crime de pirâmide financeira, mas “não tinham relação com o esquema criminoso”.

“Vamos caminhando para a conclusão de que eles não tinham relação com o grupo criminoso, mas fizeram propaganda. Então, vamos fazer encaminhamentos, talvez não indiciamentos”, ponderou.


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