SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A música “Evidências” é um hino há mais de 30 anos em todo o Brasil, mas pouca gente sabe quem está por trás da canção. Apesar disso, José Augusto e Paulo Sergio Valle, compositores da música que ficou nacionalmente conhecida nas vozes de Chitãozinho e Xororó, dizem não se importar com a falta de reconhecimento.
“A gente trabalha em silêncio. Para mim, os intérpretes dessa música no país e fora dele são como embaixadores que transformam meu trabalho num sucesso”, comenta José Augusto à Folha de S.Paulo.
Recentemente, internautas nas redes sociais reclamaram de uma suposta falta de consideração por parte da dupla sertaneja, que não costuma divulgar o nome dos compositores quando canta “Evidências” em shows e programas de TV.
Mas isso não incomoda os criadores da canção. “Como autor, me sinto gratificado por ter composto uma música que ultrapassa gerações há 33 anos e é regravada por colegas no Brasil e no mercado hispânico. Com toda a humildade, eu e o Paulo criamos um fenômeno. Desconheço no mundo uma canção com tanto êxito”, diz Augusto.
Na opinião de Paulo Sergio, sempre que é possível, Chitãozinho e Xororó citam os autores, “mas os shows têm uma dinâmica própria e, às vezes, não dá”. Segundo ele, o fato de citar ou não o nome não se reflete na questão do pagamento e do recebimento de direitos autorais. “A arrecadação desses direitos é feita pelo Ecad, que funciona muito bem. Eu tenho quase 1.000 músicas gravadas e muitos sucessos”, emenda.
Na primeira edição do The Town, evento que reuniu em Interlagos no começo de setembro nomes nacionais e internacionais, a música “Evidências” surgiu no palco do cantor Bruno Mars quando um de seus músicos resolveu homenagear o Brasil com a melodia no teclado. O público inteiro cantou. Na plateia do segundo show, Xororó se emocionou.
O momento repercutiu nas redes e reforçou para alguns uma suposta rixa entre os cantores e compositores. Mas para os autores, a internet tem o direito de se expressar como quiser, mas não necessariamente sabe toda a verdade.
“Creio que os apresentadores, jornalistas, radialistas e a mídia em geral deveriam informar antes de quem é a música. Assim colocaríamos os pingos nos is. O intérprete não é obrigado a ficar dando crédito toda vez que for se apresentar”, completa José Augusto, que atualmente celebra 50 anos de carreira e projeta shows por todo o Brasil.
LEONARDO VOLPATO / Folhapress