Israel tem o direito e o dever de responder a ataques, diz Biden

WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) – O presidente Joe Biden reafirmou o apoio total ao principal aliado dos Estados Unidos no Oriente Médio. “Israel tem o direito de responder e, de fato, tem o dever de responder a esses ataques vis”, disse na Casa Branca nesta terça (10), no primeiro discurso do democrata sobre a guerra iniciada no último sábado.

Ao lado de sua vice, Kamala Harris, ele confirmou a morte de ao menos 14 americanos no conflito, além de um número desconhecido de reféns e desaparecidos. Segundo o governo, há pelo menos 20 cidadãos do país sobre os quais não se sabe o paradeiro.

No domingo, o observador permanente do Estado da Palestina nas Nações Unidas, Riyad Mansour, havia feito um apelo para que a comunidade internacional não chancele a ofensiva militar de Israel em resposta ao grupo terrorista Hamas, dizendo que Tel Aviv entenderia isso como uma “licença para matar”.

“Nós estamos com Israel. Vamos garantir que o país tenha tudo o que precisa para cuidar de seus cidadãos, se defender, e responder a esses ataques”, afirmou Biden nesta terça. “Estamos buscando assistência militar adicional, incluindo munição e interceptores para reabastecer a Redoma de Ferro [sistema antimísseis israelense]. Vamos garantir que Israel não fique sem esses ativos críticos.”

A parceria de longa data prevê quase US$ 4 bilhões anuais em ajuda americana a Tel Aviv, mas, diante da escalada do conflito, será necessário que o Congresso aprove um pacote adicional, confirmou o conselheiro de segurança nacional, Jake Sullivan, após o discurso do presidente.

A Câmara, no entanto, está paralisada até eleger um novo presidente, após ter derrubado o republicano Kevin McCarthy na semana passada. Biden reconheceu o problema, e disse que, quando o Congresso retornar, “vamos pedir a eles que tomem medidas urgentes para financiar os requisitos de segurança nacional de nossos parceiros críticos”.

“Isso não se trata de partido ou política. Isso se trata da segurança do nosso mundo, da segurança dos Estados Unidos da América”, completou Biden.

Além da ajuda a Israel, está parado no Congresso um pedido anterior da Casa Branca para repasse de US$ 24 bilhões a mais à Ucrânia, em guerra com a Rússia -a ajuda, porém, enfrenta resistência de republicanos radicais. Assim, uma saída, ainda que arriscada, é amarrar os dois conflitos em um mesmo pacote, obrigando os deputados a votarem as duas questões em conjunto.

Biden caracterizou o Hamas como um grupo terrorista brutal, cuja “sede de sangue nos lembra a terrível fúria violenta do Isis”. Ele ainda afirmou que o grupo não carrega o direito do povo palestino à dignidade e autodeterminação.

“Eles usam civis palestinos como escudos humanos. Hamas não oferece nada além de terror e banho de sangue sem se importar com quem paga o preço”, disse o presidente americano.

No plano doméstico, o democrata afirmou ainda que o Departamento de Segurança Nacional e o FBI estão trabalhando com autoridades locais para garantir a segurança da população judaica que mora nos EUA. O temor é que atos de violência possam irromper dentro do país em conexão com o confronto no Oriente Médio.

Os EUA aumentaram sua presença militar na região, com o envio do porta-aviões USS Gerald R. Ford e a ampliação da presença de aeronaves de combate. O objetivo é a dissuasão não apenas do grupo terrorista Hamas, como de outras forças que possam aproveitar os ataques recentes.

O maior temor é um envolvimento direto do Irã no confronto. Até agora, a Casa Branca reconhece que o país tem um histórico antigo de apoio ao Hamas e que, nesse sentido, há um grau de cumplicidade em relação aos ataques, mas ainda não houve constatação de participação direta na ofensiva do grupo terrorista.

“Deixe-me dizer novamente, para qualquer país, qualquer organização, qualquer pessoa que esteja pensando em aproveitar a situação, eu tenho uma frase: Não o faça. Não o faça”, disse Biden nesta terça.

O governo americano também tem repetido que não há intenção de enviar soldados americanos ao conflito, conforme afirmaram porta-vozes do Departamento de Estado e do Conselho Nacional de Segurança americanos.

FERNANDA PERRIN / Folhapress

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