SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Horas após afirmar em vídeo que há cidadãos brasileiros entre os sequestrados pela facção terrorista Hamas, Jonathan Conricus, o porta-voz internacional do Exército de Israel, disse à Folha que pode haver brasileiros, mas que isso não está completamente confirmado.
À reportagem, em uma breve conversa na tarde desta quarta-feira (11), Conricus declarou que informações sobre a possível presença de brasileiros são fruto de relatos de fontes anônimas e do trabalho em campo dos militares. Eles tampouco sabem quantos brasileiros seriam.
“A situação toda é muito fluida neste momento, realmente torcemos para que não haja brasileiros entre os sequestrados”, afirmou o militar.
Mais cedo, ele havia dito em uma transmissão ao vivo no X (antigo Twitter) que, além de israelenses, estariam entre os reféns do Hamas cidadãos americanos, britânicos, franceses, alemães, italianos, brasileiros, argentinos, ucranianos, entre outros.
“Entre os dezenas de capturados pelo Hamas, muitos têm dupla nacionalidade”, afirmou o tenente-coronel. “Portanto, esse não é um desafio só de Israel, isso preocupa a muitos países ao redor do mundo.”
Até o início da noite desta quarta, o Itamaraty afirmava não ter recebido informações concretas da Defesa de Israel sobre o assunto, mas que a embaixada do Brasil em Tel Aviv busca confirmar a informação.
Desde que a guerra entre Israel e Hamas eclodiu no último fim de semana, já foram confirmadas as mortes de dois brasileiros na região a universitária Bruna Valeanu, 24, e o gaúcho Ranani Glazer, 23. Ambos também tinham cidadania israelense e viviam no país.
Os dois foram mortos durante o ataque a um festival de música eletrônica do qual participavam em uma região próxima à Faixa de Gaza. O evento foi palco de um dos primeiros ataques realizados pelo Hamas nesta guerra, e acredita-se que estavam ali muitos dos sequestrados pela facção. Ao final, 260 pessoas foram encontradas mortas no local no rescaldo da invasão terrorista
Há também outro brasileiro desaparecido. Não está claro se a informação inicial de que pode haver brasileiros entre os reféns conta com a pessoa desaparecida como possivelmente em mãos do Hamas.
Um quarto cidadão do Brasil foi ferido durante os ataques do fim de semana, mas recebeu atendimento no hospital e passa bem. Segundo relatos dados pela mãe de Rafael Zimmerman a emissoras de TV, o filho decidiu permanecer em Israel, refugiado em um bunker na casa de amigos, em vez de buscar o serviço consular do Brasil e pedir apoio para retornar ao país junto aos demais expatriados.
Segundo um balanço lançado neste ano pelo Itamaraty, Israel é o segundo país do Oriente Médio com mais brasileiros residentes ao menos 14 mil, perdendo apenas para o Líbano, com 21 mil. Já no território palestino seriam 6.000 brasileiros, de acordo com o material.
Ainda não se sabe o número exato de pessoas mantidas reféns pelo Hamas na Faixa de Gaza, território adjacente a Israel. Tel Aviv, no entanto, projeta que sejam mais de cem pessoas.
Na última segunda-feira (9), o porta-voz das Brigadas Izzedine al-Qassam, braço armado da facção terrorista, disse que os civis detidos seriam mortos caso Israel seguisse com ataques a áreas residenciais de Gaza sem avisar previamente para que elas fossem despovoadas.
Há também militares israelenses entre os reféns. Em mensagem em seu canal no Telegram publicada no último sábado (7), o porta-voz dos terroristas disse que oficiais e soldados foram capturados e estavam sendo mantidos “em lugares seguros e túneis”.
Muitas famílias israelenses reconheceram parentes sequestrados por meio de vídeos compartilhados em aplicativos de notícias e redes sociais por possíveis membros do Hamas.
Entre os reféns há crianças e idosos. O presidente Lula (PT) chegou a fazer um apelo nesta quarta para que o Hamas libere os menores de idade. “É preciso que o Hamas liberte as crianças israelenses que foram sequestradas de suas famílias. É preciso que Israel cesse o bombardeio para que as crianças palestinas e suas mães deixem a Faixa de Gaza através da fronteira com o Egito”, escreveu ele no X.
A guerra já deixou 1.100 palestinos e 1.200 israelenses mortos.
Redação / Folhapress