Consumidores celebram renegociações no Desenrola pelas redes sociais

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A técnica de enfermagem Ramona Pereira tinha uma dívida bancária de R$ 2.634,32, referente a uma fatura de cartão de crédito que não conseguiu pagar quando ficou desempregada.

Entrou no site do Desenrola e viu duas propostas disponíveis. A primeira, para pagar R$ 175,92 à vista e quitar o débito. Escolheu a segunda: parcelamento em três vezes de R$ 60,73. A dívida custará R$ 182,19, com taxa de 1,80% ao mês e um desconto de 93%.

“Foi bem tranquilo, fiz em menos de cinco minutos, pelo celular. Tinha entrado na primeira fase [do Desenrola], mas não tinha direito à renegociação”, diz. “Vi a repercussão no Twitter [X] e resolvi entrar. Como eu já tinha cadastro na conta Gov.br, foi muito rápido.”

Ela diz ter outra dívida com uma instituição financeira do Rio Grande do Sul, que não está entre as 709 empresas que aderiram ao programa —por isso, a dívida atrasada não aparece no sistema do Desenrola Brasil.

“Essa instituição me envia boas propostas, mas com muitos juros, bem mais do que no Desenrola. Por enquanto vou pagar a primeira que já está renegociada, depois renegocio a outra”, afirma.

Outra consumidora que renegociou sua dívida foi Andressa Larissa, analista de compras que tinha contas atrasadas de cartões de crédito com vários bancos. No auge da pandemia, ficou sem emprego, o que gerou uma “bola de neve financeira”, segundo ela.

Juntas, as contas somavam cerca de R$ 13 mil. Conseguiu um acordo no valor de R$ 1.950,00, parcelado em dez meses. O processo de renegociação no site do Desenrola demorou dez minutos, diz.

“Achei uma ótima iniciativa, já que estava há um tempo querendo renegociar essas dívidas. Porém, diretamente com os bancos, o juro era altíssimo. Pagar separadamente cada banco seria muito ruim”, afirma.

Outros internautas postaram acordos celebrados ou queixas e dúvidas sobre o programa. Alguns posts alcançaram milhares de visualizações no X, ex-Twitter.

QUEM PODE PARTICIPAR DO DESENROLA BRASIL

A última fase do Desenrola Brasil conta com uma plataforma oficial de pagamento, desenvolvida em parceria com a B3. Nesta etapa de renegociação de dívidas, pode participar quem possui renda de até dois salários mínimos (R$ 2.640) ou quem é inscrito no CadÚnico e tem dívidas de até R$ 5.000 negativadas entre janeiro de 2019 e dezembro de 2022.

São mais de 20 milhões de inadimplentes que podem parcelar em até 60 vezes o pagamento de dívidas bancárias e não bancárias —como conta de luz, água, varejo, educação— e limpar o nome com a garantia do Tesouro Nacional.

Quem tem dívidas entre R$ 5.000 e R$ 20 mil também pode aproveitar os descontos, que chegam a 96% em alguns casos, e renegociar. Neste caso, porém, o pagamento pela plataforma será à vista. Cerca de 12 milhões de devedores estão nesta situação. Para que a sua dívida apareça no portal do Desenrola, o credor precisa ter aderido ao programa.

Para participar, é necessário ter nível de certificação prata ou ouro no site Gov.br, o que é minoria entre os 32 milhões de CPFs que estão elegíveis. Veja abaixo o passo a passo para renegociar sua dívida pelo Desenrola Brasil.

COMO CRIAR A CONTA NO PORTAL GOV.BR

Quem ainda não fez sua inscrição no sistema pode acessar o gov.br/governodigital ou baixar o aplicativo Gov.br para se registrar. O aplicativo é a forma mais fácil de criar a conta, porque permite a identificação facial diretamente por meio da câmera do celular.

O app pode ser baixado na Play Store (Android) ou na App Store (iOS).

Quem já tem conta precisa checar o perfil atual para saber se é necessário fazer a elevação para nível prata ou ouro. Tanto a inscrição quanto a mudança de selo podem ser feitas pelo computador, mas a recomendação é fazer pelo app.

PASSO A PASSO PARA CRIAR SENHA NO GOV.BR

1 – Acesse o site gov.br/governodigital;

2 – Na tela inicial, vá na foto maior, onde se lê “Saiba tudo sobre a conta Gov.br”;

3 – Depois clique em “Criar sua conta gov.br”;

4 – Na página seguinte, informe o CPF e clique em “Continuar”;

5 – Para quem não tem conta, o sistema irá indicar a opção de criar uma. Clique sobre ela;

6 – A conta ouro é criada para quem tem CNH digital ou biometria facial no TSE (Tribunal Superior Eleitoral);

7 – Quem não tem CNH digital ou biometria no TSE terá conta prata, que deverá ser criada por meio dos bancos credenciados, no aplicativo do banco;

8 – O cidadão que não conseguir criar a conta Gov.br prata ou ouro responderá a um questionário e terá selo bronze.

COMO SUBIR O NÍVEL DE SEGURANÇA DO CADASTRO NO GOV.BR

1 – Acesse o site gov.br/governodigital;

2 – Na tela inicial, vá na foto maior, onde se lê “Saiba tudo sobre a conta Gov.br”;

3 – Depois clique em “Criar sua conta gov.br”;

4 – Na página seguinte, informe o CPF e clique em “Continuar”;

5 – Para quem não tem conta, o sistema irá indicar a opção de criar uma. Clique sobre ela;

6 – A conta ouro é criada para quem tem CNH digital ou biometria facial no TSE (Tribunal Superior Eleitoral);

7 – Quem não tem CNH digital ou biometria no TSE terá conta prata, que deverá ser criada por meio dos bancos credenciados, no aplicativo do banco;

8 – O cidadão que não conseguir criar a conta Gov.br prata ou ouro responderá a um questionário e terá selo bronze.

PARA CONSEGUIR NÍVEL PRATA NO GOV.BR É PRECISO TER

– Cadastro via Sigepe (base de dados de servidores públicos da União);

– Biometria facial cadastrada no Denatran;

– Acesso a uma conta de internet banking de bancos autorizados (Banco do Brasil, Banrisul, Bradesco, Banco de Brasília, Caixa, Sicoob, Santander, Itaú, Agibank, Sicredi e Mercantil do Brasil).

PARA CONSEGUIR NÍVEL OURO NO GOV.BR É PRECISO TER

– Título de eleitoral com biometria;

– Carteira de identidade digital;

– Certificado digital.

O QUE É O DESENROLA BRASIL

Lançado pelo governo Lula (PT) em parceria com bancos e outros agentes financeiros, o Desenrola é um programa de renegociação de dívidas.

As empresas interessadas oferecem descontos e condições de parcelamento para inadimplentes quitarem suas dívidas. Cada etapa do programa, trabalha com as próprias condições.

Desde o dia 25, o governo promove o chamado leilão de descontos, em que as 709 empresas credoras habilitadas podem informar, na plataforma do Desenrola Brasil, quanto estão dispostas a abater das dívidas para facilitar a renegociação.

O desconto médio oferecido pelos credores, segundo o ministro Fernando Haddad, é de 83%. Uma dívida de R$ 5.000, por exemplo, cai para R$ 259 e pode ser parcelada com garantia do Tesouro. Empresas dos setores de educação, eletricidade e saneamento chegam a oferecer descontos acima de 90%.

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Colaborou Lucas Monteiro, de Sorocaba (SP)

VINÍCIUS BARBOZA / Folhapress

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