RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Moradores do Complexo da Maré, na zona norte do Rio de Janeiro, e da Praça Seca, na zona oeste, foram acordados ao som de intenso tiroteio na manhã desta sexta-feira (13). Policiais militares do Bope (Batalhão de Operações Especiais) ocupam as regiões neste quarto dia de operação.
Na Maré, as equipes atuam nas comunidades Vila dos Pinheiros e Salsa e Merengue– dominadas pelo TCP (Terceiro Comando Puro), a segunda maior facção criminosa do tráfico no Rio. Não há informações sobre prisões ou apreensões.
Nas redes sociais, moradores relataram a presença de pelo menos dois blindados da PM. “Operação de novo, meu deus, a gente só quer paz, complexo da maré só pede paz”, escreveu uma moradora. “Muitos tiros e correria na Vila do Pinheiro e Salsa Merengue, praticamente a semana toda nessa agonia, tensão e terror”, disse outro morador.
Na Praça Seca, os agentes do Bope estão nas comunidades da Chacrinha, Covanca, Caixa D’água e Bateu Mouche.
A Polícia Militar informou que durante um confronto com criminosos, na Chacrinha, um suspeito foi atingido. Segundo a PM, o homem foi socorrido pelos agentes e levado para o Hospital Estadual Carlos Chagas, em Marechal Hermes, na zona norte. Com ele, foi apreendido um fuzil.
Não houve operação no feriado desta quinta-feira (12). Durante uma festa do Dia das Crianças, moradores do Parque União, na Maré, soltaram balões brancos pedindo paz.
Por causa das ações policiais, milhares de alunos da Maré não tiveram aulas nesta semana. Somente na quarta (11), 37 escolas municipais suspenderam as aulas no conjunto de favelas. Ao todo, foram 15.291 alunos sem estudar.
Na quarta-feira (11), houve relatos de invasão de policiais do Bope em casas de moradores no Complexo da Maré. O Ministério Público do Rio disse que recebeu denúncia sobre “invasões de domicílio e destruição de patrimônio” no quarto dia de operação na Maré e no Jacarezinho.
“De imediato, a Promotora de Justiça plantonista entrou em contato com a Polícia Civil e com a Polícia Militar, na tentativa de confirmar os fatos e dar ciência às Autoridades Policiais envolvidas para a adoção das providências cabíveis”, informou, em nota, a promotoria.
As ações começaram após o assassinato a tiros de três médicos na Barra da Tijuca e, no dia seguinte, de quatro suspeitos de envolvimento no ataque.
O governo do estado anunciou a Operação Maré após a polícia descobrir um centro de treinamento do tráfico durante investigação que durou dois anos. Imagens feitas com drones mostraram a movimentação em um centro recreativo que poderia ser usada para lazer de moradores da Maré. Na terça-feira (10), agentes da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais) da Polícia Civil do Rio ocuparam o espaço.
ALÉXIA SOUSA / Folhapress