SAinda na infância, Marcelo Serrado entrava no carro para uma viagem de férias com os pais, rumo a Arraial do Cabo, na região dos lagos do Rio de Janeiro, com uma trilha sonora especial: Frank Sinatra. As fitas eram as preferidas de seus pais -e as mais odiadas de Serrado, que apenas suportava o trajeto regado a sucessos como “New York, New York” e “My Way”.
Mas, como todo “aborrescente”, o artista cresceu e começou a entender aquelas letras todas, aos poucos. E, principalmente, a potência de voz do norte-americano idolatrado por diferentes gerações. Depois dele, vieram o entendimento (e a paixão por) ícones como Tony Benett e, mais recentemente, Michael Bublé. Agora, Serrado solta a voz e canta faixas de todos esses nomes em um show único, marcado para esta sexta-feira (13), às 20h, no Blue Note, em São Paulo.
Ele não esconde que a performance é uma homenagem para os pais. “Minha mãe faleceu, mas meu pai tem 91 anos, vai ao meu show direto, é para eles mesmo. E o Sinatra representa esse ícone, né? Esse cara que cantava daquela forma, com aquela voz aveludada, que chegava e emocionava as pessoas e levava multidões. É um ícone mesmo para mim, uma grande referência”, afirma, em entrevista à reportagem.
Para o ambiente ficar ainda mais leve, Serrado aposta em histórias, entre uma música e outra. Ele conta, por exemplo, que uma tia dele conhecia Sinatra. “Eu posso ter sido sobrinho dele, sem saber, então invento várias narrativas, e também coisas engraçadas que aconteceram de verdade com o próprio Sinatra. Então é um show com muito humor também.”
Esse envolvimento maior do ator com a música começou aos poucos. Aos 15 anos, ele costumava tocar gaita e, depois, passou a se apresentar com violão na noite, tendo sua própria banda. A sentença final de que era apaixonado por cantar veio ao se apresentar em seu primeiro musical, “Tom e Vinícius”, em 2008. A partir daí, passou a fazer aulas semanais de canto. “É como um músculo, tem que praticar, me sinto bem cantando. Ali, comecei a gostar mesmo da minha voz.”
Essa vontade de explorar mais as cordas vocais fica evidente no repertório do show. Acompanhado da banda Conexão Rio, Serrado vai além de Sinatra e aposta em músicas do brega brasileiro, como Reginaldo Rossi e Wando. Tudo ajuda a terminar com a performance “lá em cima”, segundo ele.
Além do show de música, sua porção ator também segue a todo vapor. Um dos protagonistas de “Cara e Coragem”, novela recente da faixa das 19h da Globo que acaba de ser indicada ao Emmy Internacional, ele está confirmado no elenco de “Beleza Fatal”, primeira telenovela da HBO Max no Brasil, que iniciou as gravações nessa semana.
“Estou muito feliz de fazer esse doido que eu estou fazendo lá”, finaliza ele, em tom de mistério, sem entrar em detalhes da trama protagonizada por Camila Queiroz.
JÚLIO BOLL / Folhapress