SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Exército de Israel anunciou nesta quinta-feira (19) ter matado Rafat Abu Hilal, chefe dos Comitês de Resistência Popular de Gaza, facção que controla a terceira maior milícia da Faixa de Gaza. Antes dele, foi a vez de outro importante líder rebelde, Ayman Nofal, comandante do braço armado do Hamas, ser atingido pelos israelenses, alvo de um míssil em um campo de refugiados.
O nome de um terceiro grupo de radicais, o Jihad Islâmico, inundou o noticiário dos últimos dias depois que Tel Aviv o acusou de estar por trás da morte de centenas de pessoas em um hospital após a suposta explosão prematura de um foguete, o que o grupo refuta.
A lista expõe a multiplicidade de organizações militares e movimentos políticos que operam no território palestino um contingente que vai muito além do grupo que controla a região desde 2007, o Hamas. Saiba quais são essas organizações e a quem estão ligadas. As informações são em parte baseadas em análise do renomado think tank European Council on Foreign Relations
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HAMAS CONTROLA A FAIXA DE GAZA, E A AUTORIDADE PALESTINA, PARTES DA CISJORDÂNIA
Antes de se aprofundar sobre quais são essas organizações, é necessário entender que a Faixa de Gaza é desde 2007 controlada pela facção terrorista Hamas. Já a Cisjordânia, território que abriga quase 3 milhões de palestinos, é controlada, em partes, pela Autoridade Nacional Palestina órgão reconhecido pela comunidade internacional.
Desde sua criação, em 1994, a Autoridade Nacional Palestina é governada pelo Fatah, principal e mais antigo partido político da Palestina. O partido tem sua estrutura de poder consolidada na Cisjordânia, mas por ser adversário político do Hamas tem dificuldades em operar na Faixa de Gaza.
Na prática, as principais organizações políticas da Palestina têm seus braços armados, inclusive o Hamas e o Fatah.
QUAIS SÃO ESSES BRAÇOS ARMADOS
Hamas/Brigada Izz al-Din al-Qassam
O principal grupo armado do Hamas é a brigada Izz al-Din al-Qassam, também conhecida como IQB. Fundada em 1991, é a maior e mais bem equipada organização militar da Faixa de Gaza. É ela a protagonista da guerra contra Israel e a principal lançadora de mísseis contra Tel Aviv. Nos últimos anos, melhorou significativamente sua capacidade de mísseis e foguetes.
Foi a IQB a responsável pelos ataques terroristas do último dia 7, que deixaram 1.400 israelenses mortos, incluindo centenas de civis. Nesse caso, a operação teria sido orquestrada pela Nukhba, a força de elite da brigada.
Não à toa, Israel está atrás dos chefes da Nukhba. Só na última quarta (19), por exemplo, Tel Aviv diz ter matado dez membros da força de elite.
O comandante da IQB é Mohammed Deif, que tem cerca de 60 anos. Ele chefia a brigada desde o início dos anos 2000, quando um ataque de Israel matou o então líder da organização, Saleh Shehada. Deif, segundo reportagem do Financial Times, quase morreu em um ataque aéreo há 20 anos. Segundo relatos, esse episódio fez com que ele perdesse um braço e uma perna e o deixasse em uma cadeira de rodas.
Na terça, o Exército de Israel matou o chefe da IQB na área central de Gaza. O Hamas lamentou a morte do comandante.
Fatah
O Fatah não está em guerra contra Israel. O grupo, apesar de repudiar o bombardeio de Tel Aviv sobre a Faixa de Gaza, é o principal interlocutor das questões palestinas com Israel e Estados Unidos. Além disso, o partido é adversário político do Hamas e tenta, de uma forma ou outra, ganhar espaço na Faixa de Gaza.
Ao menos oficialmente, o Fatah comanda apenas forças de segurança e não milícias paramilitares. Ainda assim, o think tank European Council on Foreign Relations aponta que ao menos três facções são ligadas indiretamente ao partido.
Jihad Islâmico/Al-Quds
O grupo radical Jihad Islâmico controla a segunda maior brigada militar da Faixa de Gaza, a Al-Quds. Aliados do Hamas, a organização também opera vários ataques contra Israel, incluindo atentados suicidas.
Especialistas em grupos armados dizem que a facção é ainda mais radical do que o Hamas. As agências de inteligência dos Estados Unidos estimam que o grupo tenha cerca de mil integrantes, enquanto o Hamas teria entre 20 mil e 25 mil membros.
Tel Aviv, aliás, acusa o Jihad Islâmico de ser autor do ataque aéreo que atingiu o hospital de Gaza na última terça, deixando centenas de feridos. Os extremistas negam.
Comitês de Resistência Popular de Gaza/Al-Nasser Salah al-Din
Seguindo a lógica dos outros movimentos políticos, os Comitês de Resistência Popular de Gaza também têm seu braço armado. A brigada al-Nasser Salah al-Din é a terceira mais poderosa da Faixa de Gaza e é aliada do Hamas.
O grupo participa de operações militares com o IQB. Em 2006, por exemplo, fez parte do sequestro do soldado israelita Gilad Shalit, em 2006.
PEDRO LOVISI / Folhapress