Mãe de Joaquim celebra absolvição e defesa de padrasto recorre da pena de 40 anos de prisão

RIBEIRÃO PRETO, SP (FOLHAPRESS) – A psicóloga Natália Mingoni Ponte, 39, celebrou ter sido absolvida após seis dias do julgamento em Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo) que a acusava de omissão na morte de seu filho Joaquim Ponte Marques, 3, ocorrida em 2013. Já seu ex-marido e ex-padrasto da criança Guilherme Raymo Longo, condenado a 40 anos de prisão pelo crime, recorreu da decisão judicial.

Dez anos após a morte do menino Joaquim, Longo foi condenado na noite deste sábado (21) por homicídio triplamente qualificado –motivo fútil, meio cruel e recurso que impossibilitou a defesa da vítima–, conforme decisão anunciada pelo juiz José Roberto Bernardi Liberal.

A denúncia do Ministério Público Estadual, acatada pelo júri popular, sustentava que Longo matou o enteado, que era diabético, com uma alta dosagem de insulina (166 unidades), dentro de casa. Em seguida, jogou o corpo do garoto no córrego Tanquinho, distante cerca de 200 m da residência em que a família vivia e, de lá, o corpo teria sido levado até o ribeirão Preto, afluente do rio Pardo.

O menino foi considerado desaparecido em 5 de novembro de 2013. O corpo só foi encontrado cinco dias depois no rio, em Barretos (a 423 km de São Paulo).

Após ter sido absolvida, Natália deixou o Fórum de Ribeirão Preto ao lado do atual marido, sem falar com os jornalistas. O semblante contrastava com o dos dias anteriores, quando foi vista abatida e tensa ao chegar ou deixar o local dos depoimentos.

Numa rede social, a psicóloga, que vive em São Joaquim da Barra (a 383 km de São Paulo), postou duas imagens temporárias, em que se liam as palavras “absolvida” e “absolvição”. Uma delas foi repostada por seu marido, Rodrigo Batista, que também escreveu uma mensagem parabenizando a mulher.

“É necessário seguir em frente sem olhar para trás, o que passou, passou”, disse ele, que também parabenizou a esposa pelo aniversário de 39 anos, celebrado neste domingo (22). Natália agradeceu o marido por sempre estar junto dela.

O casal tem dois filhos gêmeos, de um ano de idade, e Natália também é mãe de um menino de dez anos, fruto do relacionamento com Guilherme Longo.

No entendimento do Ministério Público, rejeitado pelo tribunal, ela tinha capacidade para afastar Joaquim do convívio com o companheiro, mas não o fez, e por isso teria sido omissa. Ela já respondia em liberdade.

O padrasto de Joaquim, que desde 2018 está preso em Tremembé, não aceitou a decisão do júri popular deste sábado e recorreu, de acordo com seu advogado, Antônio Carlos de Oliveira.

“Entendo que decisão dos jurados foi manifestamente contrária à prova dos autos, bem como entendemos que a pena foi exagerada, motivo pelo qual já foi interposto o recurso e apelação”, disse o defensor à Folha.

Desde o primeiro dia do julgamento, Oliveira tem falado que não há no processo de mais de 6.700 páginas nenhuma prova que incriminasse Longo.

Em 2016, Longo chegou a fugir para a Europa, quando estava em liberdade provisória. Foi preso em abril de 2017 na Espanha e, em janeiro do ano seguinte, foi extraditado pelo governo espanhol.

Ele afirmou, durante seu depoimento na sexta-feira (20), que fugiu do Brasil para escapar da ameaça de traficantes. Também respondeu sobre seu histórico com drogas.

RELAÇÃO SURGIU EM CLÍNICA DE REABILITAÇÃO

Natália trabalhava numa clínica de reabilitação de usuários em Ipuã, na região de Ribeirão Preto, onde conheceu Longo, que estava internado no local para tratamento.

Eles começaram a se relacionar e foram morar juntos no início de 2013, quando Natália engravidou pela segunda vez. Joaquim tinha três anos de idade.

De acordo com a denúncia da Promotoria, Longo voltou a usar drogas logo após o nascimento do filho do casal.

Na mesma época, Joaquim foi diagnosticado com diabetes, e Longo teria começado a demonstrar um comportamento agressivo por ciúmes de Natália. Ainda segundo a acusação, ele reclamava dos cuidados que ela tinha com o filho e do contato que mantinha com o ex-marido, pai de Joaquim.

Em 5 de novembro de 2013, a família procurou a polícia para comunicar o desaparecimento da criança. Na ocasião o casal alegou que acordou e não encontrou o menino em casa. Cinco dias depois, o corpo da criança foi achado no rio Pardo, em Barretos.

A investigação da Polícia Civil apontou que, na noite de 4 de novembro, Joaquim estava no quarto com a mãe, o padrasto e o irmão recém-nascido. O menino estava assistindo a desenhos no celular, quando Natália dormiu com o bebê.

Longo teria se irritado com Joaquim após o menino começar a chorar quando tirou o celular de suas mãos. O homem então teria levado a criança para o quarto ao lado, onde, segundo a polícia, teria injetado uma superdosagem de insulina nele.

A acusação diz que, ao perceber que o menino estava morto, Longo teria saído de casa e jogado o corpo da criança no córrego Tanquinho, que deságua no ribeirão Preto, afluente do Pardo.

MARCELO TOLEDO / Folhapress

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