Polícia de SP investiga vazamento de vídeos do ataque em escola de Sapopemba

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Delegacia de Crimes Cibernéticos de São Paulo informou ter aberto investigação para apurar o vazamento das imagens de câmeras de segurança que registraram o ataque a tiros na escola estadual de Sapopemba, na zona leste da capital paulista, nesta segunda-feira (23).

Segundo a Secretaria da Segurança Pública, a delegacia também está apurando o compartilhamento desses vídeos na internet. Na tarde de segunda-feira, as imagens das câmeras de segurança da escola já circulavam em grupos de WhatsApp e pela rede social X (antigo Twitter).

As imagens que circulavam mostravam os vídeos sendo reproduzidos em um computador no momento em que o autor do ataque efetuava os disparos. Na manhã de segunda, um adolescente de 16 anos entrou armado e atirou contra os colegas, uma estudante morreu e outros três ficaram feridos.

A Folha de S.Paulo questionou o governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) ainda na segunda-feira sobre o vazamento das imagens, que deveriam estar sob proteção. A Secretaria da Segurança Pública só respondeu nesta terça-feira (24), sem informar se adotou alguma medida para evitar o vazamento desse tipo de conteúdo.

Em abril, quando outro ataque foi registrado na escola Thomazia Montoro, na zona oeste de São Paulo, imagens das câmeras de segurança também foram vazadas. Elas foram divulgadas em reportagens e compartilhadas nas redes sociais, o que levou o secretário Guilherme Derrite a pedir à imprensa para não usá-las sob o risco de “efeito contágio”.

Na ocasião, após o ataque, houve uma onda ameaças de ataques a centenas de escolas no estado e em todo o país.

A reportagem também questionou se foram identificados os envolvidos no vazamento das imagens do ataque de abril, mas a Secretaria da Segurança Pública não respondeu.

Estudos nacionais e internacionais indicam que os casos de ataques, como os de escola, podem ter o efeito contágio em jovens com transtorno mentais, sofrimento ou com comportamento violento. A divulgação de imagens e detalhes sobre como os crimes foram cometidos acabam por servir como uma espécie de guia para quem cogita ou planeja um ataque, segundo especialistas.

No caso da escola Thomazia Montoro, por exemplo, o aluno agressor adotava nas redes sociais o sobrenome do autor do massacre de Suzano (SP), que vitimou oito pessoas em 2019. Ele também copiou a vestimenta usada pelo outro autor.

ATIRADOR DIZ QUE TENTOU GRAVAR ATAQUE

Em depoimento à polícia, adolescente afirmou que tentou filmar a ação em seu celular para transmitir pela internet.

O aluno disse que acionou a câmera de vídeo do celular quando estava no banheiro da escola, se preparando para o ataque. Ele disse ter colocado o aparelho no bolso do moletom, mas afirmou acreditar que o celular não captou as imagens da ação, apenas o som. Ele ainda informou que chegou a acessar um link para que o vídeo pudesse ser transmitido.

Segundo o depoimento, o aluno inicialmente negou que tenha recebido qualquer proposta de dinheiro para promover o ataque ou transmiti-lo. Depois, ao ser indagado novamente sobre isso, ele ficou silêncio.

O advogado Antonio Edio, que representa o atirador, negou que ele tenha recebido qualquer proposta de recompensa financeira.

“Ele não recebeu, não foi prometido e ele nem nunca imaginou receber pagamento ou qualquer retribuição financeira por isso. Ele informou para mim e perante a autoridade policial e foi enfático em afirmar que não teve ajuda externa de ninguém, que jamais foi prometida para ele qualquer ajuda financeira”, disse o advogado.

ISABELA PALHARES / Folhapress

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