Estudantes ocupam prédio da USP após reitoria ameaçar reprovar grevistas

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Estudantes da USP (Universidade de São Paulo) ocuparam um prédio da administração central da instituição no fim da tarde desta quinta-feira (26). A ação ocorre em resposta à decisão da reitoria de não abonar as faltas durante o período de greve, que já dura mais de cinco semanas.

A reitoria confirmou à reportagem que o prédio foi ocupado pelos estudantes. O local era um dos blocos que antigamente faziam parte da moradia estudantil.

Estudantes afirmaram que a decisão de ocupar o espaço aconteceu após a reitoria pressionar pelo fim da greve. Segundo eles, a medida classificada por eles como autoritária levou um grupo a adotar uma postura mais radical.

Eles não informaram quantos alunos estão no prédio.

Conforme mostrou a Folha de S.Paulo, a reitoria determinou que as unidades não podem alterar o calendário letivo e não devem abonar as faltas registradas no período de interrupção das aulas.

Na prática, a medida pode levar à reprovação automática de alunos de cursos em que a greve ainda não foi encerrada. Depois de ter conseguido a adesão de docentes e da maior parte das unidades da USP, nesta quinta (26) a paralisação continua apenas na FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas) e na EACH (Escola de Artes, Ciências e Humanidades).

Se a greve for mantida na FFLCH e na EACH até o fim desta semana, essas unidades completarão seis semanas sem aulas e, a partir daí, não seria mais possível garantir a porcentagem mínima de frequência para a aprovação, de 70%.

O presidente da comissão de graduação da FFLCH, professor Eduardo Girotto, encaminhou um ofício ao reitor pedindo que a determinação seja revista.

“A referida medida poderá produzir um iminente colapso da organização das atividades de graduação no próximo semestre letivo. Por exemplo, estudantes que forem reprovados em disciplinas que são pré-requisito de outras ofertadas no semestre seguinte não poderão se matricular, produzindo um efeito cascata de represamento de matrículas”, diz.

ISABELA PALHARES / Folhapress

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