RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A população do Brasil cresce cada vez menos, envelhece em ritmo acelerado e é formada em sua maioria por mulheres, apontam dados já revelados pelo Censo Demográfico 2022.
Nesta sexta (27), o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) fez uma nova divulgação do levantamento, que trouxe informações sobre a idade e a divisão por sexo dos brasileiros.
O diretor de pesquisas do instituto, Cimar Azeredo, indicou que o Censo 2022 pode ter mais “duas ou três” apresentações de dados até o fim de 2023. As divulgações seguem no próximo ano.
Até o momento, o IBGE não forneceu estatísticas do Censo sobre cor ou raça, fecundidade e mortalidade, migração e população em favelas, por exemplo. A seguir, veja cinco conclusões conhecidas a partir dos números já revelados.
1) População cresce menos e fica abaixo das projeções
O Censo 2022 estimou a população brasileira em 203,1 milhões. Isso significa que o ritmo de crescimento vem baixando com o passar das décadas.
Na comparação de 2022 com 2010, o aumento foi de 0,5% ao ano. Trata-se do menor nível já registrado em um recenseamento no Brasil.
A população de 203,1 milhões também ficou abaixo de projeções feitas pelo próprio IBGE. Em dezembro do ano passado, uma prévia do Censo apontava que o número de habitantes seria de 207,8 milhões, o que não se confirmou no resultado final.
A diferença foi ainda maior na comparação com uma estimativa anterior, divulgada em 2021. À época, o IBGE projetava o número de habitantes em 213,3 milhões.
O instituto ainda estuda os possíveis motivos por trás do número menor do que o esperado. A pandemia e a falta de uma contagem da população mais enxuta do que o Censo no meio da década passada são questões avaliadas nesse s
2) Envelhecimento bate recorde
Segundo o IBGE, indicadores de envelhecimento da população brasileira aceleraram para níveis recordes em 2022. Pessoas de 65 anos ou mais já representam 10,9% do total de habitantes no país (22,2 milhões de 203,1 milhões).
O percentual de idosos nessa faixa etária é o maior desde o primeiro recenseamento realizado no Brasil, em 1872, disse o instituto.
Em termos absolutos, o contingente de 65 anos ou mais teve um salto de 57,4% em relação ao Censo anterior, de 2010. Enquanto isso, a participação de crianças e adolescentes vem encolhendo.
Em 2022, a faixa de 0 a 14 anos correspondia a 19,8% do total de habitantes, abaixo da marca de 24,1% em 2010. Essa mesma faixa etária correspondia a 38,2% da população total em 1980.
De acordo com especialistas, o envelhecimento traz uma série de impactos para o país. As pessoas vivem mais, o que é comemorado, mas a procura por serviços de saúde tende a aumentar.
Ao mesmo tempo, o país deve contar com uma proporção menor de jovens trabalhando e gerando recursos para o pagamento de aposentadorias e outros benefícios. A solução, segundo economistas, passaria por elevar a produtividade do trabalho, um gargalo histórico no Brasil.
3) Mulheres são maioria
As mulheres eram 51,5% (104,5 milhões) do total de habitantes do país em 2022, enquanto os homens representavam 48,5% (98,5 milhões). Em termos absolutos, a parcela feminina superava a masculina em cerca de 6 milhões.
A comparação com os recenseamentos anteriores sinaliza que elas vêm aumentando sua participação entre os brasileiros.
A razão de sexo, que mede o número de homens para cada cem mulheres, diminuiu de 96 em 2010 para 94,2 no ano passado. É a menor relação da série histórica divulgada pelo IBGE com dados a partir de 1940.
Historicamente, a população feminina supera a masculina no Brasil em razão da mortalidade menor das mulheres na comparação com os homens, segundo o instituto.
Essa tendência pode ser reforçada pelas condições do mercado de trabalho em cada região ou município. Ainda de acordo com o IBGE, as mulheres se concentram mais em grandes cidades pela disponibilidade maior de emprego.
4) Indígenas saltam no Censo
O Censo também apontou que o Brasil tinha quase 1,7 milhão de indígenas em 2022, o equivalente a 0,83% da população total. O número é 88,8% maior do que o contado no recenseamento anterior (896,9 mil), em 2010. Os dados, porém, não são totalmente comparáveis.
Conforme o IBGE, não é possível afirmar que a população indígena quase dobrou em 12 anos apenas em razão de fatores demográficos. Parte dessa limitação está associada a uma mudança na metodologia dos questionários em 2022.
O instituto reconheceu uma possível subenumeração na contagem de 2010, o que o órgão tentou evitar no ano
5) Quilombolas são 1,3 milhão
O IBGE ainda trouxe um retrato inédito sobre a população quilombola no Brasil, estimada em 1,3 milhão de pessoas. O contingente equivale a 0,65% do total de habitantes no país.
A divulgação teve caráter histórico porque foi a primeira vez que uma edição do Censo identificou os quilombolas e as suas características, incluindo quantos são e onde vivem. O levantamento mostrou que 68,2% dessa população morava no Nordeste.
LEONARDO VIECELI / Folhapress