BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) rebateu nesta segunda-feira (30) a ideia de que está faltando sintonia entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o seu ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
A fala acontece após Lula declarar que o governo federal não precisa perseguir a meta fiscal de déficit zero, que vinha sendo defendida por Haddad.
“Quem continuar especulando que não tem sintonia entre o presidente Lula e o ministro Fernando Haddad vai perder dinheiro de novo”, afirmou Padilha.
Na manhã desta segunda, o ministro da Fazenda afirmou que Lula está comprometido com situação fiscal do país e não está sabotando a meta de zerar o déficit em 2024, mas constatando dificuldades por problemas de arrecadação herdados de governos anteriores.
Na sexta-feira (30), durante café da manhã com jornalistas, o presidente Lula afirmou que dificilmente o governo federal vai cumprir em 2024 a meta fiscal de déficit zero e ainda acrescentou que essa não precisa ser a marca de sua gestão.
A declaração contraria frontalmente o que vinha sendo defendido por Haddad. A fala provocou um grande impacto no mercado naquele dia.
“Deixa eu dizer para vocês uma coisa. Tudo o que a gente puder fazer para cumprir a meta fiscal, a gente vai cumprir. O que eu posso te dizer é que ela não precisa ser zero. A gente não precisa disso. Eu não vou estabelecer uma meta fiscal que me obrigue a começar o ano fazendo corte de bilhões nas obras que são prioritárias nesse país”, disse o presidente, em resposta a questionamento da Folha.
A Bolsa brasileira despencou e o dólar subiu após as declarações. Taxas de contratos futuros de juros também avançaram.
Lula afirmou que o mercado sabe que a meta fiscal de déficit zero não será atingida, mas que os investidores são gananciosos.
“Muitas vezes o mercado é ganancioso demais e fica cobrando uma meta que eles sabem que não vai ser cumprida. Então eu sei da disposição do Haddad, sei da vontade do Haddad, sei da minha disposição, e quero dizer para vocês que nós dificilmente chegaremos à meta zero, até porque eu não quero fazer cortes em investimentos de obras”, afirmou.
RENATO MACHADO / Folhapress