SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Após semanas de estagnação, a previsão da taxa de juros, a Selic, subiu para os próximos dois anos. Economistas ouvidos pelo Banco Central aumentaram em 0,25 ponto percentual o índice para 2024 e 2025, segundo boletim Focus divulgado nesta segunda-feira (30).
O mercado elevou de 9% para 9,25% a expectativa dos juros para o próximo ano, e subiu de 8,5% para 8,75% o índice de 2025. A previsão foi mantida para 2023 (11,75%) e 2026 (8,5%).
É a primeira mudança após 11 semanas na expectativa dos economistas para a Selic dos dois próximos anos.
Como mostrou reportagem da Folha de S.Paulo, a ampliação da incerteza fiscal pela fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a meta das contas públicas fez o mercado financeiro ver espaço limitado para a queda dos juros durante o atual ciclo de cortes da taxa básica (Selic).
O presidente afirmou na sexta-feira (27) que a meta fiscal do ano que vem não precisa ser zero, declaração que contraria o que era uma das principais bandeiras do ministro Fernando Haddad (Fazenda), que vinha resistindo ao ceticismo crescente -inclusive dentro do governo- acerca da eliminação do déficit das contas públicas em 2024.
Além da incerteza fiscal, economistas veem o cenário externo como desfavorável. No curto prazo, os economistas apostam que o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central não deve alterar sua estratégia. Há consenso de que será feito, na próxima quarta-feira (1º), um novo corte de 0,5 ponto percentual, o que levaria a Selic para 12,25% ao ano.
Na mesma quarta, o Fed deve decidir sobre os juros americanos. As expectativas são de manutenção do patamar atual, de 5,25% a 5,50% ao ano, e o foco deve ser indicações do Fed sobre quais os rumos futuros.
Outra alteração apontada no relatório foi a redução na previsão da inflação para este ano, e o aumento para 2024. Os economistas esperam que o aumento de preços fique em 4,63%, uma queda de 0,02 ponto percentual em relação à semana passada. Para o próximo ano, a previsão subiu de 3,87% para 3,90% para o IPCA.
Já o PIB deste ano teve uma diminuição de 0,01 ponto percentual, com a expectativa indo de 2,90% para 2,89%. A previsão para os três anos seguintes foi mantida em 1,5% (2024), 1,9% (2025) e 2% (2026).
Redação / Folhapress