O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmou não ter planos para comprar novas câmeras corporais para uso da Polícia Militar. A fala ocorreu no momento em que a letalidade policial cresceu 86% no terceiro trimestre no estado de São Paulo em comparação com o mesmo período do ano anterior.
“A gente vai continuar estudando, a partir do momento que tiver uma folga no orçamento a gente pode voltar a fazer esse investimento e ampliar. No momento existem outras prioridades para aplicação do recurso”, disse o governador durante a inauguração, nesta segunda-feira (30), do primeiro AME (Ambulatório Médico de Especialidade) com atenção exclusiva à saúde feminina, no bairro do Belenzinho, zona leste da capital.
Tarcísio usou a justificativa de que houve uma frustração importante da receita neste ano e que possui outras prioridades. Segundo o governador, investimentos devem ser feitos em outras áreas da segurança pública, como aumento do policiamento ostensivo e pagamento da Dejem -considerada um “bico oficial”, em que o policial recebe uma remuneração por trabalhar durante a folga. Tais investimentos, segundo o governador, proporcionam ganhos para o cidadão.
O governador declarou que pretende manter os cerca de 10 mil equipamentos já existentes.
No início do mês, o Tarcísio havia cortado R$ 15,2 milhões das câmeras corporais da Polícia Militar paulista, em nova redução do programa.
Em agosto, o governo já havia retirado R$ 11 milhões do programa de câmeras. O valor remanejado nesta quarta corresponde a 10% dos R$ 152 milhões aprovados para o programa de câmeras corporais em 2023.
Segundo dados da SSP (Secretaria da Segurança Pública) divulgados na quarta-feira (25), foram 106 mortes entre julho e setembro deste ano contra 57 em 2022.
O número de mortes causadas por PMs de folga passou de 26 para 33.
No terceiro trimestre estão tabulados os 28 mortos durante a Operação Escudo em Guarujá e Santos. Foram 40 dias de ações de tropas da Polícia Militar na tentativa de prender os suspeitos pela morte de um soldado da Rota (tropa de elite da PM paulista) e para asfixiar o tráfico na Baixada Santista.
Boa parte dos policiais que aturam nas ações no litoral não usava câmeras, o que dificulta na identificação de possíveis irregularidades. O governo nega que tenha havido abusos na ação.
Durante a campanha ao governo em 2022, Tarcísio chegou a dizer que iria retirar a obrigatoriedade de policiais terem uma câmera nas fardas, mas depois recuou e afirmou que iria ouvir especialistas. A implantação da tecnologia teve resultados positivos na redução das mortes de suspeitos e de policiais e se tornou um novo meio de coleta de provas.
Redação / Folhapress