Bolsa abre em queda com persistência de riscos fiscais, dólar sobe

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Bolsa brasileira operava em queda no início das negociações desta terça-feira (31) com a persistência de temores sobre o cenário fiscal do país, após declarações de membros do governo que puseram em xeque a meta de déficit zero em 2024.

Nesta manhã, reportagem da Folha de S.Paulo mostrou que integrantes do governo passaram a discutir a revisão da meta de 2024 para 0,5% de déficit, após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarar que “dificilmente” o país vai conseguir cumprir o atual objetivo.

Segundo fontes do Planalto, o próprio ministro Fernando Haddad (Fazenda) já teria admitido o risco de derrota na discussão sobre a meta dentro do governo. Questionado sobre o tema na segunda, o ministro não garantiu a manutenção do objetivo de déficit zero e se irritou com perguntas.

Já o dólar até começou o dia em queda, mas passou a subir no meio da manhã. Além dos riscos fiscais, pesam sobre o câmbio decisões sobre juros no Brasil e nos Estados Unidos, marcadas para esta semana, e a formação da Ptax de fim de mês, uma taxa de câmbio calculada pelo Banco Central que serve como referência para negócios e costuma trazer volatilidade.

Às 10h22, o Ibovespa caía 0,24%, aos 112.256 pontos, enquanto o dólar subia 0,18%, cotado a R$ 5,056.

Na segunda, a Bolsa brasileira fechou em queda pressionada pelos juros futuros brasileiros, que subiram após as declarações do ministro da Fazenda sobre a meta de déficit primário.

Na ocasião, Haddad evitou cravar a manutenção da meta de déficit zero no ano que vem, o que aumentou dúvidas sobre o compromisso do governo com o objetivo e pressionou ainda mais as curvas futuras. Ele afirmou, porém, que pode antecipar medidas de arrecadação de receitas para perseguir o ajuste fiscal.

“O que levei para o presidente foram os cenários possíveis, se tiver de antecipar medidas para 2024, eu encaminho, o meu papel é buscar o equilíbrio fiscal, farei isso enquanto estiver no cargo, não é por pressão do mercado financeiro, acredito que Brasil depois de dez anos precisa voltar a olhar para contas públicas”, afirmou.

Com isso, as curvas de juros futuros registravam forte alta: os contratos com vencimento em janeiro de 2026 iam de 10,79% para 11,02%, enquanto os para 2028 saíam de 11,19% para 11,44%.

Pouco antes das declarações do ministro, a Bolsa brasileira operava em alta e chegou a superar os 114 mil pontos na máxima do dia.

No fim da sessão, porém, o Ibovespa fechou em queda de 0,67%, aos 112.531 pontos, segundo dados preliminares, com as principais quedas sendo das “small caps”, empresas menores e mais ligadas à economia doméstica —e, consequentemente, mais sensíveis ao movimento de juros.

A Petrobras, uma das maiores empresas do índice, registrou forte queda, recuando 1,01% em dia de declínio do petróleo no exterior, o que também pressionou a Bolsa.

Outro destaque negativo foi a Braskem, que caiu 5,53% e figurou entre as maiores perdas da sessão após divulgar na última sexta-feira queda de 1% no volume de vendas de resinas no Brasil no terceiro trimestre contra um ano antes, para 884 mil toneladas.

Já o dólar fez o caminho inverso: começou o dia em queda, mas passou a subir após as falas de Haddad, com investidores aguardando, ainda, as decisões de política monetária do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) e do Banco Central nesta semana. A moeda americana fechou com alta de 0,67%, cotada a R$ 5,05.

Redação / Folhapress

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