Usuários da cracolândia saqueiam loja no centro de São Paulo

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Usuários da cracolândia saquearam uma loja especializada em conserto e venda de acessórios para celulares localizada na rua Santa Ifigênia, no centro da capital paulista.

De acordo com a comerciante Ângela Aparecida Alves de Oliveira, 44, esposa do proprietário da loja Carlos Eletrônicos, o saque ocorreu por volta das 21h desta quarta-feira (01).

Do local foram furtados cerca de 20 celulares e um notebook de clientes –os aparelhos estavam para conserto–, além de máquinas utilizadas para o reparo dos produtos. O estabelecimento ficou destruído, segundo Oliveira.

“Nós corremos para lá. O meu filho foi apedrejado. Eles estavam armados com revólveres, facas e tinham pedras. Eles estão bem equipados, nós é que estamos à mercê”, afirma.

“Quero terminar as aulas da minha filha para ir embora. Aqui já deu tudo o que tinha que dar. Não quero mais ficar aqui. Não sei como vamos viver. Estamos nos levantando pela segunda vez. Eu acabei de sair de uma cirurgia. Eu sou da Bahia e meu esposo é da Bolívia. Ainda não sei para qual dos dois lugares vamos mudar.”

Em abril de 2019, a loja já havia sofrido um saque pelos usuários da cracolândia. Na época, o prejuízo foi de R$ 50 mil.

“Nós aproveitamos para reformar e ficamos com uma banquinha trabalhando. Só que agora a Santa Ifigênia está morta, não tem mais clientes e nem ninguém. Agora é irrecuperável. O que mais dói é você trabalhar para viver e chegar na delegacia e o delegado mandar o policial falar para você que não pode fazer nada [em referência a 2019]. Dessa vez não vou nem registrar boletim, porque o delegado vai fazer a mesma coisa”, relata Oliveira.

A rua Santa Ifigênia vem enfrentando crises com a perda de clientes em meio a deslocamentos de dependentes químicos pela região central. De acordo com a união dos lojistas, o faturamento do comércio caiu em média 40% desde a dispersão da cracolândia no ano passado.

Ângela Aparecida Alves de Oliveira contou à reportagem que ligou para o 190, e a Polícia Militar compareceu 1h30 depois, mas a viatura não conseguiu chegar perto da loja, porque foi apedrejada e deixou o local.

A assessoria de imprensa da Polícia Militar disse à reportagem que esteve no local, mas não constatou furtos.

Até a publicação deste texto, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo ainda não havia respondido sobre o ocorrido na loja. Informou apenas que, por volta das 23h, agiu para acabar com uma obstrução no trânsito causada por uma movimentação usuários de droga na av. Rio Branco com a rua General Osório. ” Alguns arremessaram pedras nos policiais e foi necessário o uso de munição de impacto controlado”, disse a SSP em nota.

PATRÍCIA PASQUINI / Folhapress

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