SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) alertou esta semana que as crianças na Faixa de Gaza correm o risco de morrerem de desidratação. A produção de água na região cercada caiu para 5% dos níveis normais, e há registro de crianças ficando doentes por beberem água salgada.
“Especialmente as mortes infantis devido à desidratação são uma ameaça crescente”, disse o porta-voz do Unicef James Elder, que declarou que 940 crianças estariam desaparecidas em Gaza e algumas delas podem estar presas sob os escombros.
Outras estão sofrendo traumas ou estresse severo, segundo ele, como a filha de 4 anos de um colega do Unicef que começou arrancar os cabelos e coçar as coxas até sangrarem.
Enquanto Israel relata combates pesados com membros do grupo radical Hamas, que agora prosseguem com operações terrestres em Gaza, as agências da ONU alertam para agravamento da situação dos civis diante da deterioração da infraestrutura local e a OMS fala em “catástrofe de saúde iminente”.
“É uma catástrofe de saúde pública iminente que se aproxima, com deslocamento em massa, superlotação, danos à infraestrutura de água e saneamento”, disse porta-voz da OMS, Christian Lindmeier.
Questionado se as pessoas estavam morrendo por outras complicações além das causadas pelo bombardeio, Lindmeier disse: “De fato estão”.
Ele pediu que se autorize a entrada de combustível em Gaza, para permitir o funcionamento de uma usina de dessalinização.
Israel impôs um cerco à Faixa de Gaza e recusa-se a permitir a entrada de combustível, justificando que este poderia ser usado pelo Hamas para fins militares.
Segundo a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), não há ajuda suficiente no sul de Gaza para suprir as necessidades dos civis deslocados do norte, o que coloca a região em alerta para crise humanitária. A entrega de ajuda “é uma questão de vida ou morte para milhões”, disse o diretor do órgão, Philippe Lazzarini.
O escritório humanitário da ONU, em comunicado divulgado nesta terça-feira, disse que o abastecimento de água ao sul de Gaza foi interrompido na segunda-feira “por razões desconhecidas”.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, descartou na segunda-feira apelos internacionais por um cessar-fogo.
Autoridades de saúde de Gaza dizem que mais de 8.300 palestinos foram mortos desde que Israel iniciou ataques aéreos, em retaliação à ofensiva terrorista de 7 de outubro, quando membros do grupo radical palestino massacram 1.400 pessoas em Israel e fizeram mais de 200 reféns.
Autoridades de Gaza acusam Israel de atingir um campo de refugiados na cidade de Jabalia, no norte , o que teria deixado pelo menos 50 mortos e mais de 150 feridos. O número não foi confirmado de forma independente.
Redação / Folhapress