SP tem duas mortes após temporal com ventos de mais de 100 km/h, falta de luz e desabamentos

SÃO PAULO, SP E SALVADOR, BA (FOLHAPRESS) – Diversas regiões de São Paulo registram um rastro de destruição na tarde desta sexta-feira (3) devido a um temporal acompanhado de rajadas de vento e granizo. Ao menos duas mortes foram confirmadas pela Defesa Civil e pelos Bombeiros.

Em Osasco, na avenida Luiz Rink, duas árvores caíram em cima de um muro, que, por sua vez, destruiu um veículo. A vítima passava pelo local no momento e foi atingida.

Em Santo André, uma parede também cedeu e acertou duas pessoas. Uma delas morreu.

Faltou luz em vários bairros da cidade, como Morumbi e Pinheiros (zona oeste), Freguesia do Ó (zona norte) e Planalto Paulista e Vila Mariana (zona sul).

A Defesa Civil informou que cidade de São Paulo registrou ventos, especialmente nas regiões do Campo Limpo, Santana, e aeroportos de Guarulhos e Congonhas, onde os ventos chegaram aos 103,7 km/h.

A Polícia Militar diz ter recebido 823 chamados relacionados a quedas de árvores e 22 desabamentos na capital e na Grande São Paulo.

Na região central, Paraíso e Jardim Paulista também tinham ventos fortes e chuva rápida. Na mesma área Seda cidade, o bairro da Aclimação ficou sem luz.

Segundo a Enel Distribuição, empresa responsável pelo fornecimento de energia na capital, as fortes chuvas e rajadas de vento provocaram quedas de árvores e galhos na rede elétrica, interrompendo o fornecimento de energia para alguns clientes. “A concessionária reforçou suas equipes em campo e trabalha para normalizar o fornecimento de energia o mais breve possível.”

No Tatuapé (zona leste), a tempestade chegou por volta das 16h30.

No autódromo de Interlagos, que recebe o Grande Prêmio de F1 neste fim de semana, o vento forte arrancou parte da cobertura de uma arquibancada. Segundo a organização da prova, não há registros de feridos. No entanto, houve tumulto e correria entre crianças e pessoas com deficiência, segundo um torcedor relatou à Folha de S.Paulo.

“Antes de [a cobertura] rasgar, a orientação da organização pelo sistema de som é que ficássemos nas arquibancadas por segurança. Tinha muito relâmpago, mas quando rasgou ficamos vulneráveis e começou uma correria”, disse José Matheus Santos.

Na Praia Grande, banhistas foram pegos de surpresa pelas rajadas de vento e saíram correndo para se abrigar, no Canto do Forte. Foi possível ver a tampa de uma caixa-d’água e placas de proteção sendo arrancadas e levadas pelo vento.

O jornalista Pedro Henrique Oliveira, 40, presenciou o temporal da janela de seu apartamento no bairro Aviação, em Praia Grande, no litoral sul de São Paulo. Ele disse que a ventania e a chuva começaram por volta das 16h e durou cerca de 20 minutos. Não houve queda de energia. “As pessoas na praia começaram a correr para se proteger. O telhado de um clube que fica aqui ao lado ficou parcialmente destruído e a tela de proteção de um prédio em construção se rasgou. Aqui em casa ficamos assustados porque o vidro da sacada tremia e parecia que ia estourar de tão forte que estava a ventania”, afirmou.

O temporal também derrubou árvores e fez cair a energia em Sorocaba, no interior de São Paulo.

O Instituto Nacional de Meteorologia havia emitido alerta de tempestades para diversas regiões do estado de São Paulo nesta sexta, com previsões de chuva entre 30 e 60 milímetros por hora ou 50 e 100 milímetros por dia, além de ventos intensos, de até 100 quilômetros por hora, assim como queda de granizo.

O alerta ainda mencionava risco de corte de energia elétrica, estragos em plantações, queda de árvores e de alagamentos.

AEROPORTO DE CONGONHAS FECHA

O Aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo, teve que fechar na tarde desta sexta-feira após fortes rajadas de vento e a chuva deixarem o local sem luz.

Um jato executivo apresentou problemas no sistema de freios durante a aterrissagem. A pista principal ficou fechada entre 16h13 e 17h30, devido ao procedimento para retirar a aeronave da pista. Além disso, as rajadas de vento teriam causado danos a um hangar.

A forte chuva provocou uma queda de energia no terminal de passageiros do aeroporto. “Os geradores já foram acionados, e a Aena trabalha junto à concessionária de energia para reestabelecer a situação. Também registramos a queda de uma árvore numa das vias de acesso ao terminal. Um carro foi atingido, mas ninguém se feriu”, informou a empresa Aena, que administra o aeroporto, pouco depois das 18h.

Em Guarulhos, sete voos foram alternados para outros aeroportos por causa das condições do tempo. Às 18h10, o aeroporto internacional funcionava normalmente para pousos e decolagens. A concessionária GRU Airport não registrou nenhum dano por causa do temporal.

TELEFONIA AFETADA

Moradores de São Paulo também relataram problemas com internet e telefone celular. A operadora Tim afirmou que a queda de energia afetou algumas operações, principalmente para linha móvel.

A empresa diz que esta trabalhando para restabelecer o mais rápido possível as estruturas de transmissão. Conforme o retorno da luz, o sinal também deve ser restabelecido.

A Claro afirmou que não houve problemas generalizados. “Os serviços da Claro não foram afetados massivamente na cidade de São Paulo. A operadora informa que, devido ao temporal, algumas regiões ficaram sem energia elétrica, o que pode ter interferido na oferta de sinal.”

TEMPESTADE DE 400 KM

O estado de São Paulo foi afetado na tarde desta sexta por uma linha de instabilidade que se formou na vanguarda da frente fria associada ao ciclone extratropical que está no litoral no sul do país, segundo o meteorologista Franco Nadal Villela, do Inmet.

Empurrada pelo ar frio que se desloca do sudoeste em direção ao nordeste do estado, a tempestade ocupa uma faixa de aproximadamente 400 quilômetros. Por se deslocar rapidamente e ser muito extensa, alcança diversas regiões quase ao mesmo tempo.

Em Ourinhos, no interior de São Paulo, a ventania alcançou 111 km/h, a mais forte registrada no estado nesta sexta, segundo o Inmet.

Ventos acima de 103 km/h são classificados oficialmente como tempestades violentas e ficam logo abaixo na escala de equivalência dos furacões, cuja velocidade é a partir de 118 km/h.

“Não é um vento inédito [em São Paulo], mas é raro. Não é todo ano que dá um vento de 104 km/h com força equivalente na cidade inteira”, diz Villela.

Uma rajada de vendo com intensidade equivalente a um furacão, porém, não necessariamente pode receber esse nome. Para ser um furacão é necessário que o fenômeno sustente a média de velocidade acima de 118 km/h por ao menos dez minutos, explica o meteorologista.

Com o avanço rápido da frente fria, a expectativa é que as chuvas diminuam nesta noite e ocorra o declínio da temperatura em todo o estado.

Redação / Folhapress

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