SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O temporal que atingiu São Paulo nesta sexta-feira, 3, deixou milhões de moradores sem luz, causou quedas de árvores e mortes. A falta de energia afetou também o cotidiano de museus paulistanos e interditou alguns dos espaços culturais mais importantes da capital.
Entre eles, estão o Museu Afro Brasil, o Museu de Arte Moderna (MAM) e a 35ª Bienal de São Paulo, que suspenderam as atividades neste sábado, 4. Todos eles ficam localizados no parque Ibirapuera, que está interditado por causa dos estragos da chuva.
O MAM informou, via assessoria de imprensa, que o local estava com luz na sexta-feira, e não se sabe se o prédio está com energia no momento. A Bienal informou que não ficou sem energia e que volta a receber público no domingo.
Já o Museu de Arte Contemporânea (MAC-USP), próximo ao parque Ibirapuera, está sem energia e fechado para visitação. O espaço conta com um gerador no acervo, uma das coleções de arte moderna mais importantes do mundo. Áreas de visitação, elevadores e setores administrativos, no entanto, continuam sem luz.
A falta de energia elétrica prolongada em locais como esses pode prejudicar a climatização adequada do acervo e causar danos às obras. Parte dos museus paulistanos tem gerador para emergências.
Segundo a assessoria de imprensa do MAC, o período sem luz é muito curto para afetar a saúde das obras e a instituição tem geradores para garantir a saúde do acervo.
Outra instituição importante da capital, o Museu do Ipiranga também está fechado e sem energia elétrica. O local é equipado com geradores, que estão funcionando com a carga reduzida desde a tempestade.
“Normalmente, um gerador é feito para ficar de quatro a oito horas ligado, e não praticamente 24 horas”, explica Rosaria Ono, diretora do Museu Paulista da Universidade de São Paulo. “Como não havia perspectiva de retorno da luz, fizemos uma redução na carga, para garantir o funcionamento das funções mínimas. Decidimos não sobrecarregá-lo, porque senão poderia ter alguma consequência pior.”
Sistemas de segurança contra incêndio e câmeras estão sendo abastecidos pelo equipamento para garantir a segurança do edifício. Foram desligados, por exemplo, os elevadores e escadas rolantes. O museu nunca havia passado por um episódio como esse. “É a primeira vez que a gente fecha por causa de um desastre”, diz Ono.
O espaço fundado em 1895 entrou em reformas em 2013 e foi reaberto ao público no ano passado. O prédio histórico não conta com sistema de ar-condicionado, devido à dificuldade técnica da instalação. Segundo Ono, não há risco de comprometer as obras expostas no edifício da zona sul. “Temos estabilidade, historicamente falando, para manter os acervos seguros, é um prédio robusto.”
A reforma incluiu a construção de uma sala de exposição temporária nova -esta, sim, com ar-condicionado para controlar a umidade do espaço. Como não há uma mostra no local no momento, não há riscos de danificação.
Esses riscos variam de acordo com o tipo de acervo e de edificação, de acordo com Ono. Acervos que correm mais perigo de sofrer danos por causa de oscilações na temperatura são os feitos de papel ou tecido, por exemplo, que são sensíveis à umidade.
“Na situação atual, um risco a acervo não é tão crítico porque, apesar de tudo, o clima está seco, o que é menos propenso a dar problemas na oscilação de temperatura”, diz a diretora do Museu do Ipiranga.
Há cidades em todo o estado de São Paulo que continuam sem luz há mais de 24 horas. Segundo a Enel, a previsão é que a situação seja completamente normalizada apenas na terça-feira.
Redação / Folhapress