Fernando Diniz completa ano vitorioso defendendo futebol como arte e criação de vínculos

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Na véspera da final da Copa Libertadores contra o Boca Juniors, o técnico Fernando Diniz, do Fluminense, teorizou sobre como a arte e a ciência influenciam no futebol e na memória que equipes deixam no torcedor.

“O futebol é arte ou é ciência? Se você perguntar para mim, eu acho que ele é mais arte que ciência, mas se precisa da ciência. Quando ele acontece de maneira artística, fica impregnado na memória dos torcedores para sempre. Quando ele acontece de maneira mais ciência, isso é mais difícil de acontecer, fica uma coisa mais mecânica.”

Um dia depois, Diniz consolidou o ano de 2023 como aquele em que suas convicções lhe renderam taças ao liderar o Fluminense na conquista da Libertadores contra o Boca Juniors.

Diniz ganhou o primeiro título da carreira no primeiro semestre, ao conquistar o Estadual do Rio de Janeiro com uma goleada sobre o arquirrival Flamengo. Foi a primeira taça após 15 anos de carreira, 6 deles à frente de grandes clubes (Athletico, Fluminense, São Paulo, Santos e Vasco). Uma trajetória na qual sempre foi reconhecido como técnico promissor mas, até então, sem cumprir o potencial.

Acumulando as funções de técnico do Fluminense e da seleção brasileira, ele afirmou antes da final que não se preocupa com avaliações externas. Reconhecia, porém, o peso das conquistas para seu novo status.

“O que vai acontecer amanhã [sábado], o resultado, sempre modifica o status quo das coisas, de como as pessoas te enxergam. Mas para mim, na minha vida, não como as pessoas me enxergam. É como eu me enxergo. Nesse sentido, não estou a mercê da bola que vai entrar e daquela que não vai entrar”, disse ele.

A bola do Fluminense entrou duas vezes, uma com Germán Cano e outra com John Kennedy. O autor do gol do título é um dos principais símbolos do trabalho no campeão da Libertadores. Antes considerado um “garoto-problema”, o atacante se firmou sob o comando de Diniz.

O treinador afirma que a relação extracampo com os jogadores e os vínculos afetivos que cria são parte de seu trabalho.

“Esse título não depende das bolas que entram e que não entram, depende da sua dedicação e dessa interação, dessa aproximação humana que eu gosto de ter com os jogadores. E isso a gente vai colecionando”, disse, um dia antes da vitória.

“Toda vez que a gente consegue construir esses vínculos, a gente acaba ficando mais perto de ganhar. Embora o ganhar, nesse caso, da construção, ele não está determinado, porque muitas vezes você não ganha, mas a sua construção afetiva para a pessoa ser melhor, ela é um ato contínuo.”

Assim que o juiz apitou o fim da prorrogação, decretando o 2 a 1 do Fluminense sobre o Boca Juniors, o treinador dançou no campo, deu cambalhotas e correu para as arquibancadas para abraçar os torcedores. Foi o primeiro a ter o nome gritado nas arquibancadas após a conquista, antes de qualquer jogador.

Desta vez, Diniz construiu vínculos e venceu.

ITALO NOGUEIRA / Folhapress

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