CAMPINAS, SP E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Cerca de 400 mil endereços continuam sem energia elétrica na região metropolitana de São Paulo, conforme balanço divulgado na tarde desta segunda-feira (6) pela concessionária Enel.
O problema ocorre desde a tempestade que atingiu a capital paulista na última sexta (3) e já dura cerca de 72 horas.
Significa dizer que 400 mil imóveis -entre residências e comércios- enfrentam o primeiro dia útil da semana às escuras. Fato que tem gerado indignação em parte da população.
O número, de acordo com a concessionária, é referente a 24 municípios da região metropolitana de São Paulo.
Em nota, a Enel afirmou que o fornecimento de energia havia sido reestabelecido para 83% dos domicílios afetados -ao todo, disse, o apagão na sexta-feira atingiu 2,1 milhões de clientes e 1,7 milhão estavam com o problema resolvido às 16h desta segunda-feira.
A empresa afirmou que o vai normalizar o fornecimento “para quase a totalidade dos clientes até esta terça-feira (7), conforme anunciado em reunião com o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB)”.
Segundo a Enel, profissionais de empresa estão trabalhando 24 horas nas ruas. “Devido à complexidade do trabalho para reconstrução da rede atingida por queda de árvores de grande porte e galhos, a recuperação ocorre de forma gradual”, afirma.
Em todo o estado, o número de domicílios afetados em algum momento após a chuva chegou a 4,2 milhões. Do total, cerca de 500 mil ainda continuavam sem energia no fim da tarde desta segunda -para 3,7 milhões de endereços (88%), a luz já havia voltado.
O cenário culminou em uma reunião, marcada para esta segunda-feira, entre o diretor-geral da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), Sandoval Feitosa, representantes das distribuidoras de energia e do Executivo paulistano para “discutir ações futuras e medidas preventivas para deixar a rede de distribuição menos vulnerável aos eventos climáticos”.
O temporal que alçou ao caos a maior cidade do país teve ventos que chegaram a 100 km/h. Agentes da administração ainda trabalhavam para reparar os danos.
O número de mortos em todo o estado chegou a sete, das quais duas na capital.
O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) lamentou, através do X -antigo Twitter-, as mortes registradas no estado. Na tarde de domingo, Tarcísio também afirmou, em publicação, que a falta de energia que ainda afeta parte do território paulista não prejudicou a aplicação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), cuja primeira fase ocorreu no dia em questão.
“Todas as escolas de São Paulo que recebem o Enem tiveram energia restabelecida e execução da prova acontece normalmente. Seguimos acompanhando a situação das pessoas que ainda não tiveram sua situação regularizada, em diálogo contínuo com o Ministério de Minas e Energia”, declarou.
Alvo de críticas de paulistanos ensandecidos com a falta de energia, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) disse em entrevista ao Bom dia SP, da TV Globo, que 12 creches e escolas de diferentes regiões estão sem funcionar pela falta de energia.
De acordo com o prefeito, o número de semáforos sem funcionar está diminuindo.
“A gente tinha 652 semáforos sem funcionar. Nesse momento, atualizei, são 77, porque ainda estão sem energia, então você vai ver muitos semáforos apagados porque ele está sem a energia. Quando voltar a energia naquela localidade, volta a ser restabelecido”, disse.
Ainda segundo Nunes, a prefeitura aguarda a Enel interromper a energia elétrica em algumas regiões para fazer a remoção de 125 árvores que atrapalham o restabelecimento do serviço.
O prefeito foi criticado, também, por ter ido à corrida de de Fórmula 1 em Interlagos neste domingo, em meio à crise do apagão na cidade.
Na cidade de São Paulo 12 unidades de ensino, entre escolas e creches, permaneceram fechadas nesta segunda por falta de eletricidade, segundo o prefeito.
De acordo com a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, 36 escolas em todo o estado foram impactadas pela chuva. Dessas, 21 com cobertura ou telhados danificados, 28 sem fornecimento de energia e 14 com queda de árvores. O estado não confirmou o número de unidades de ensino que não abriram nesta segunda, mas ressaltou que aqueles que ficaram em condição de receber os alunos a pasta disponibilizou o conteúdo pelo Centro de Mídias.
O apagão também afetou o fornecimento de água. Segundo a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), no início desta segunda ainda havia problemas no abastecimento, por causa da falta de energia em Cotia, Vargem Grande Paulista, Santana de Parnaíba e Pirapora do Bom Jesus, todos municípios da Grande São Paulo.
A empresa estatal afirmou que tem trabalhado de forma emergencial para abastecimento dos locais críticos com caminhões-tanque.
LUIS EDUARDO DE SOUSA E FRANCISCO LIMA NETO / Folhapress