SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O desembargador Fernando Antonio Torres Garcia venceu a eleição para assumir a presidência do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) no biênio 2024-2025.
Atual corregedor-geral do tribunal, Garcia obteve 199 votos e superou o desembargador Guilherme Gonçalves Strenger, atual vice-presidente da corte, que teve 155 votos.
O novo presidente entra em exercício no dia 1° de janeiro.
Garcia, 64, é paulistano e foi promovido a desembargador em 2008.
O magistrado é da turma de 1982 da Faculdade de Direito da USP. Ingressou na carreira em 1983, como juiz substituto em Osasco e foi titular nas comarcas de Mirandópolis, Indaiatuba, Diadema e São Paulo (Foro Regional da Lapa). Atuou como conselheiro da Escola Paulista da Magistratura, nos biênios 2016-2017 e 2020-2021, e eleito presidente da Seção de Direito Criminal do TJSP no biênio 2018-2019.
As campanhas de Garcia e de Strenger foram marcadas por propostas predominantemente corporativistas, com prioridade ao pagamento de benefícios e atrasados aos desembargadores e juízes, e carência de projetos para melhorar o acesso à Justiça, o atendimento à população e a transparência do tribunal.
A gestão de Garcia para presidir o maior tribunal do país no biênio 2024/2025 deverá ter cofres mais gordos após a aprovação de lei neste ano que aumentou o valor da taxa judiciária para apresentar processos na justiça estadual paulista.
Uma das promessas de campanha de Garcia foi a de elevar o valor de um benefício conhecido como auxílio-acervo, que é pago quando os magistrados recebem anualmente um número de processos igual ou superior a um patamar estabelecido pelo tribunal. No caso das varas especializadas em matéria cível, por exemplo, os juízes receberão a vantagem caso tenham mais de 800 processos novos por ano.
Atualmente a gratificação no TJ-SP corresponde a até 10% do subsídio mensal, mas Garcia prometeu subir esse valor, que pode chegar a um terço da remuneração.
Em seu programa, o desembargador Garcia também defendeu a implantação de um adicional por tempo de serviço a ser pago aos magistrados.
O atual corregedor-geral ainda propôs a priorização do pagamento de verbas atrasadas aos juízes.
“O pagamento do passivo do tribunal, para além de mantido, deve ser priorizado e ampliado. O tempo atual não mais comporta longas esperas. Estamos em diversa realidade orçamentária, mais confortável e sensivelmente distinta da que ocorria em passado recente. Indesejável, pois, que direitos já consagrados aguardem por mais tempo sua satisfação. E esse deve ser o norte da administração”, segundo a proposta.
A reportagem pediu entrevista com os candidatos para conhecer as propostas e indagar sobre temas de interesse público, mas os desembargadores informaram via assessoria de imprensa que só falariam após o pleito.
Na segunda-feira (6), a reportagem também pediu os programas de gestão dos postulantes ao cargo, mas a assessoria de imprensa do tribunal informou que as propostas foram entregues apenas aos membros do colégio eleitoral e não seriam fornecidas à reportagem.
A reportagem ainda enviou email com pedido de manifestação dos candidatos quanto ao teor das propostas deles, mas novamente houve recusa dos desembargadores em se pronunciar.
O colégio eleitoral da eleição para a presidência foi formado por 357 desembargadores, que são os magistrados que atuam na segunda instância do Judiciário.
Os 2.200 juízes de primeira instância e os cerca de 40 mil servidores do TJ não têm direito a voto para a definição da direção do tribunal, cujo orçamento em 2023 é de R$ 15,5 bilhões.
O presidente do Tribunal de Justiça tem funções administrativas, com destaque para a elaboração da proposta de orçamento anual do Judiciário paulista, que é enviada para aprovação pelo Legislativo.
O ocupante do cargo também atua como julgador e pode abrir sindicância contra desembargadores, sendo instrutor e relator do caso até o arquivamento ou a instauração de processo administrativo.
FLÁVIO FERREIRA / Folhapress