RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O telefone celular é, com folga, o equipamento mais usado para o acesso à internet no Brasil, seguido pelo aparelho de TV, apontam dados divulgados nesta quinta-feira (9) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A dupla aparece à frente do microcomputador e do tablet.
Conforme o órgão, da população de dez anos ou mais que acessou a internet em 2022 (161,6 milhões), a parcela de 98,9% (ou 159,8 milhões) usou o celular para se conectar.
O percentual, que era de 98,8% em 2021, vem subindo ao longo da série histórica, iniciada em 2016. Naquele ano, a porcentagem relativa ao celular estava em 94,8%.
De lá para cá, uma das questões que chamam atenção é o avanço do televisor como equipamento de conexão. Em 2022, o aparelho foi usado por 47,5% das pessoas de dez anos ou mais que acessaram a internet ou 76,7 milhões do total de 161,6 milhões.
Trata-se do segundo ano consecutivo em que a TV superou o microcomputador como equipamento de conexão. O percentual relativo ao televisor estava em 45,1% em 2021 e era de 11,3% em 2016, ano inicial da série.
O computador, por sua vez, foi usado por 35,5% das pessoas de dez anos ou mais que acessaram a internet em 2022 ou 57,4 milhões do total de 161,6 milhões.
É a menor proporção do equipamento na série histórica. O percentual relativo ao computador estava em 41,9% em 2021 e era de 63,2% em 2016. Essa categoria abrange desde os computadores fixos (desktops) até os portáteis, como notebooks ou laptops, segundo o IBGE.
As informações integram um módulo da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) sobre TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação), investigado no quarto trimestre de 2022.
Pelos critérios da pesquisa, uma pessoa de dez anos ou mais é considerada usuária de internet se teve conexão com a rede em pelo menos algum momento nos três meses que antecederam a entrevista. O levantamento abrange diferentes formas de acesso.
No caso dos televisores, o IBGE ressaltou que os novos equipamentos vêm sendo adaptados para a transmissão de conteúdos via internet, incluindo plataformas de vídeo (streaming, como o Netflix).
“Acredito que o streaming seja a principal explicação do avanço do uso da televisão para o acesso à internet. Houve uma expansão muito acelerada [do televisor] de 2016 a 2022, que reflete esse hábito de consumo, de lazer, da população”, disse Gustavo Geaquinto Fontes, analista da pesquisa do IBGE.
O tablet também ficou para trás no ranking do instituto. Em 2022, esse aparelho foi utilizado por 7,6% das pessoas de dez anos ou mais que acessaram a internet ou 12,2 milhões do total de 161,6 milhões. É o menor percentual da série histórica.
A proporção de uso do tablet estava em 9,3% em 2021. Esse nível já foi de 16,4% em 2016, ano inicial da série. Ou seja, correspondia a mais do que o dobro do patamar de 2022 (7,6%).
TV ESTÁ EM 94,9% DOS DOMICÍLIOS; CELULAR, EM 96,6%
A pesquisa também traz recortes a respeito da presença dos equipamentos nos domicílios. Segundo o IBGE, de um total de 75,3 milhões de lares no Brasil, 71,5 milhões (ou 94,9%) tinham TV em 2022.
O número de endereços com o aparelho subiu ante 2021, quando estava em 69,6 milhões. A proporção em relação ao total de domicílios, contudo, ficou menor era de 95,5% em 2021. A TV estava em 97,2% dos endereços em 2016, no começo da série.
“A pesquisa tem mostrado uma queda gradual, ainda muito lenta, do percentual de domicílios com televisão. Sinaliza uma mudança gradual nos hábitos de consumo da população”, disse Fontes.
Conforme o IBGE, o percentual de domicílios com microcomputador também diminuiu, de 40,7% em 2021 para 40,2% em 2022.
Trata-se do menor nível desde o início da série. Já o número de lares com computador pulou de 29,7 milhões para 30,3 milhões na passagem dos últimos dois anos.
No caso do tablet, a proporção de domicílios com o equipamento até aumentou, de 9,9% em 2021 para 10,7% em 2022. Mesmo assim, segue distante da TV, por exemplo.
O número de lares com tablet subiu de 7,2 milhões para 8,1 milhões nos últimos dois anos. A quantia, contudo, era maior no início da pesquisa, estimada em 10,5 milhões em 2016.
Já o percentual de domicílios com telefone celular aumentou de 96,3% em 2021 para 96,6% em 2022. A porcentagem mais recente é a maior da série.
O número de lares com celular cresceu de 70,2 milhões em 2021 para 72,7 milhões em 2022, outro recorde neste módulo da Pnad.
LEONARDO VIECELI / Folhapress