Flamengo evita clima de oba-oba da torcida e adota estratégia por foco

RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) – A torcida pode ter terminado o jogo cantando “seremos campeões”, mas dentro do Flamengo o momento é de frear o oba oba. O técnico Tite reconheceu que o time baixou a guarda depois das duas primeiras vitórias e evita falar em título, mesmo diminuindo a distância para o líder. O tom cauteloso é unânime e os jogadores alinharam o discurso ao do treinador.

PÉS NO CHÃO

A estratégia de Tite é manter o planejamento. Ele não quer, neste momento, falar em título e prefere seguir com a ideia de vaga direta na Libertadores.

Os jogadores também adotaram esse discurso. No início, a empolgação atingiu a todos e várias falas envolviam a disputa pela taça com o Botafogo, algo que acabou ficando mais distante com os tropeços seguintes. Agora, a estratégia é frear a empolgação.

O técnico percebeu que essa oscilação de desempenho passou por um relaxamento do time após os dois bons resultados. Mas aí vieram as derrotas para Grêmio e Santos, ambas de virada.

Administrar a expectativa é uma das missões de Tite nessa reta final de temporada. Depois de decepções no ano, o Fla tenta evitar que a euforia da arquibancada contamine o time.

“A gente sabia que ia ser um jogo importante para a gente, contra o Palmeiras, que é uma equipe muito forte, que está junta há uns anos. Eles estão na nossa frente também. Mas, como o Tite falou, nossa ideia é ter classificação direta para a Libertadores. É claro que vamos buscar o título, mas não depende só da gente. A gente tem que focar na nossa parte, jogo a jogo. Pensar em nós e ver o que vai acontecer”, disse Pedro, atacante do Flamengo.

“É a minha verdade. Se no momento estivermos a uma pontuação próxima, a gente fala. Por enquanto é a realidade do que nos propusemos. É o próximo jogo. Vencer as partidas e crescer. Onde vai chegar, não sei. O objetivo é crescimento. O inicial é a Libertadores direto, mas o campeonato está móvel. Não estamos nem no G4 ainda, então a realidade é o momento. Grande jogo, pés no chão, serenidade. Depois das duas primeiras vitórias, baixamos a guarda, mas aprendemos enquanto conjunto”, disse Tite.

“A gente conhece o futebol, pode acontecer de tudo. Mas a gente tem que ter paciência, procurar trabalhar e pensar jogo a jogo. No final, a gente vai ver o que vai ver o que vai acontecer. Claro que a gente espera sair com o título, mas nosso primeiro objetivo é a classificação direta”, afirma Ayrton Lucas, lateral-esquerdo do Flamengo.

ESTÁDIO MUDA

A bola nem tinha rolado e a torcida já cobrava o time. Além dos xingamentos a Rodolfo Landim e Marcos Braz, pedidos por respeito e comprometimento foram ouvidos na arquibancada.

Os rubro-negros, porém, cantaram o tempo inteiro, como Tite havia pedido após o duelo com o Fortaleza. Os gols ajudaram a ditar um ritmo ainda mais intenso.

Já na reta final, o sonho do título voltou a ecoar. Com os gritos de “olé”, a torcida rubro-negra retomou a confiança no título depois de um ano marcado por fracassos.

“Estava tão concentrado que não ouvi nada. Fiquei voltado para o jogo, concentração alta você abstrai de tudo. Tem que compreender o torcedor, claro, não posso frear ele. Eu quero é colocar o fato real. Onde nós podemos chegar depende da evolução, mas outras equipes de qualidade estão ai”, disse Tite.

AS CONTAS DO FLAMENGO

A situação do Flamengo ficou melhor no campeonato porque a distância em relação a Palmeiras e Botafogo, os líderes empatados com 59 pontos, agora ficou em três pontos. Na comparação com o Botafogo, o Flamengo tem um jogo a mais no momento —o alvinegro enfrenta o Grêmio nesta quinta-feira (9), às 20h, em São Januário.

Assim como o Fla, o rival carioca também precisa pagar mais um jogo atrasado, contra o Fortaleza, o que dá possibilidade de abrir distância em relação ao Palmeiras.

Isso também vale para o Flamengo, com um jogo a menos que o time paulista. A questão é que a partida atrasada é contra outro concorrente, o Red Bull Bragantino.

Os jogos atrasados foram marcados para o período pós-data Fifa e motivaram a decisão da CBF de esticar o Brasileiro de 3 para 6 de dezembro.

LUIZA SÁ / Folhapress

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