Presidente da Caixa diz que foi nomeado após diálogo entre Executivo e Legislativo

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente da Caixa, Carlos Antonio Vieira, disse em seu discurso de posse que a sua nomeação foi fruto de um diálogo entre o Executivo e o Legislativo.

“Não se faz democracia sem diálogo. O diálogo que ocorreu entre Executivo e Legislativo foi para o bem do Brasil”, afirmou nesta manhã de quinta-feira (9).

Vieira disse ainda que receberá todos os parlamentares que solicitarem reunião. “Quem sou eu para impedir diálogo com a sociedade e aqueles que fazem Brasil crescer”, comentou.

Após o discurso, em conversa com a imprensa, Vieira disse ainda que “em toda democracia existem essas questões, a dinâmica de todo governo passa por sua sustentabilidade e condição de ter governabilidade tranquila”.

O novo presidente da Caixa Econômica Federal foi indicado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), após longa negociação com o presidente Lula. O posto estava na mira do PP desde julho.

A próxima definição envolve as vice-presidências do banco, em especial a de habitação, ocupada por Inês Magalhães. O governo quer mantê-la no cargo, que é cobiçado pelo centrão. Ela foi a única vice-presidente citada nominalmente por Vieira no seu discurso de posse.

Questionado diretamente sobre a situação de Magalhães, Vieira não se comprometeu nem com a sua saída nem com a permanência. “Inês é um grande quadro do governo federal, tem histórico de entrega. Vice-presidente tem que entregar resultado e ela já entregou. Essa [saída dela por pedido do centrão] é uma dinâmica própria que muitas vezes não é cartesiana”, avaliou.

Ele também afirmou que a Caixa não pode ficar esperando as definições dos novos vice-presidentes. “Falei para cada um deles que é olho no olho e bola para a frente. Se tiver que sair alguém vamos sentar e explicar o processo”.

Diversos integrantes dos partidos que compõem o centrão estiveram na posse de Vieira, como o senador Ciro Nogueira (PP-PI) e o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), de quem o novo presidente foi secretário-executivo em 2012 e 2013.

Já o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não compareceu ao evento. No seu lugar veio o secretário-executivo, Dario Durigan. Ele chegou a confirmar presença e incluir o evento na sua agenda oficial, mas desistiu no último minuto para participar de uma reunião com Lula e o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates.

Haddad esteve na posse da ex-presidente, Rita Serrano, assim como o presidente Lula, que também não foi à posse de Vieira.

O novo presidente da Caixa é paraibano, economista e funcionário de carreira da instituição financeira. Ele foi diretor-presidente da Funcef (Fundação dos Economiários Federais), o fundo de pensão da Caixa, e comandou ministérios durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

Ele chegou à secretaria-executiva do Ministério da Integração Nacional em 2012, quando o PP comandava a pasta. O ministro era Ribeiro, que também é da Paraíba e aliado de Lira.

Vieira era líder do PP naquele ano, no governo Dilma Rousseff (PT). No fim de 2013, ele foi secretário-executivo do Ministério das Cidades, quando o ministério era comandado por Aguinaldo Ribeiro, e seguiu no posto quando Gilberto Occhi, também ligado ao PP, tornou-se ministro.

O nome de Occhi, hoje no Sebrae, chegou a ser cogitado para a Caixa. Vieira acompanhou a ida de Occhi para a Integração Nacional, em 2015, também na secretaria-executiva. Era o primeiro ano do segundo mandato de Dilma.

O novo presidente da Caixa chegou a assumir interinamente o cargo de ministro das Cidades e da Integração, mas foi demitido por Dilma no momento em que o PP começava a se movimentar para apoiar o processo de impeachment, que culminou com a queda da petista em 2016.

Aliado de Lira, o presidente da Caixa integrou também a gestão de Michel Temer (MDB). Foi nesse período que presidiu a Funcef, quando a Caixa era comandada por Occhi. Ele ocupou o cargo até o começo da gestão de Pedro Guimarães. Vieira assumiu a Funcef após o órgão mudar a sua diretoria em meio às investigações da Operação Greenfield.

LUCAS MARCHESINI / Folhapress

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