SÃO PAULO, SP, E SANTOS, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O técnico Fernando Diniz não quer que ninguém assuma o posto de referência deixado por Neymar na seleção brasileira após o craque romper o ligamento cruzado contra o Uruguai. Para o comandante, a geração que vem surgindo é suficientemente talentosa para substituir o jogador do Al-Hilal, mas não é necessário colocar esse peso.
PROTAGONISMO DIVIDIDO
“Muitos podem assumir esse protagonismo, mas não precisamos colocar esse peso, ninguém precisa assumir o protagonismo. Jogadores precisam se sentir leves e fazer o melhor. Raphinha no Barcelona, Rodrygo e Vini Junior no Real, Martinelli e Jesus no Arsenal? Todos fazem seu melhor e se destacam. Protagonismo vai ser natural. Ninguém precisa se preocupar em ocupar o papel do Neymar”.
NOVA FORMAÇÃO E MENTALIDADE
“Não vamos melhorar só pela mudança, melhoraríamos e corrigiríamos porque ficou claro onde erramos. Tivemos volume melhor contra a Venezuela com os mesmos jogadores. A mudança ocorre não pela alteração que tivemos que fazer, é pela mudança de mentalidade que pretendemos implementar para os dois próximos jogos”.
DESFALQUES E OPORTUNIDADES
“As alternativas já estavam sendo criadas. Sempre bom contar com todos, uma tristeza muito grande mesmo não contar com o Neymar, ainda mais com lesão tão séria. Faz falta em qualquer cenário, assim como Casemiro, um dos grandes expoentes da posição nos últimos 10 anos do futebol mundial. Temos oportunidades para os outros, vamos potencializar ao máximo o time que vai jogar. Todos os jogadores têm muito potencial, esperamos que as coisas corram de maneira positiva. Jogadores abraçaram muito bem a proposta nos treinos e é esperar que na prática o time corresponda como correspondeu nos treinamentos”.
*
Veja outras respostas de Fernando Diniz durante a entrevista coletiva de nesta quarta-feira (15):
PAPO COM O ENDRICK
“Eu já tinha conversado com o Endrick na chegada. Jogador muito especial, com a idade que tem produzir o que já produz abre margem para projetá-lo no futuro de maneira brilhante. Vem pelo seu mérito e pelo enorme potencial futuro também”.
ADVERSÁRIOS
“Sobre a Colômbia, ganhou muita projeção nos 20 ou 30 anos. Se tornou um dos rivais mais difíceis da América do Sul. Adversário difícil, pontua bem e compete muito. Muito calor em Barranquilla, apoio maciço da torcida, muitos bons jogadores. Estudamos muito, sabemos das dificuldades e estamos bem preparados. Vai acumulando conhecimento tático, é a terceira convocação. As conexões humanas ficam mais profundas. Esperamos nesses dois próximos jogos elevar o nível do jogo”.
VOLTA AO MARACA
“Vai ser muito bom voltar ao Maracanã. Se tornou uma grande casa nesse último ano e meio. Jogadores gostam muito de jogar nesse grande papo do palco mundial”.
PROTAGONISMO SEM NEYMAR
“Não sei responder essa pergunta. Temos geração muito talentosa que surgiu há dois anos. Muitos podem assumir esse protagonismo, mas não precisamos colocar esse peso, ninguém precisa assumir o protagonismo. Jogadores precisam se sentir leves e fazer o melhor. Raphinha no Barcelona, Rodrygo e Vini Junior no Real, Martinelli e Jesus no Arsenal? Todos fazem seu melhor e se destacam. Protagonismo vai ser natural. Ninguém precisa se preocupar em ocupar o papel do Neymar. Precisam jogar de maneira descontraída, serem eles mesmos para o jogo fluir e as coisas acontecerem de maneira natural”.
VINI, RODRYGO E ENDRICK JUNTOS
“É natural esse interesse do público. São jogadores que vão jogar juntos no Real Madrid, é interesse do grande público. Rodrygo e Vinicius estão cada vez mais sedimentados na seleção. Endrick está sendo acolhido e creio que terá futuro longo na seleção”.
CRISE PODE GERAR OPORTUNIDADES?
“As alternativas já estavam sendo criadas. Sempre bom contar com todos, uma tristeza muito grande mesmo não contar com o Neymar, ainda mais com lesão tão séria. Faz falta em qualquer cenário, assim como Casemiro, um dos grandes expoentes da posição nos últimos 10 anos do futebol mundial. Temos oportunidades para os outros, vamos potencializar ao máximo o time que vai jogar. Todos os jogadores têm muito potencial, esperamos que as coisas corram de maneira positiva. Jogadores abraçaram muito bem a proposta nos treinos e é esperar que na prática o time corresponda como correspondeu nos treinamentos”.
NOVO ATAQUE
“Jogo do Uruguai, de uma maneira quente depois do jogo, existe olhar mais negativo até do que foi. Com análise mais técnica, tivemos muitas coisas positivas e coisas importantes negativas. Fomos muito inofensivos no primeiro tempo, não finalizamos e chegamos pouco, cruzamentos, volume de escanteio. Na primeira parte, equipe teve bom domínio e marcamos bem. Uruguai pouco finalizou. Naquele jogo, não por causa das mudanças que íamos melhorar. Se tivéssemos o mesmo time aqui, também melhoraríamos. Faltou profundidade. Não vamos melhorar só pela mudança, melhoraríamos e corrigiríamos porque ficou claro onde erramos. Tivemos volume melhor contra a Venezuela com os mesmos jogadores. A mudança ocorre não pela alteração que tivemos que fazer, é pela mudança de mentalidade que pretendemos implementar para os dois próximos jogos”.
VINI E RODRYGO
“Não é só isso. É uma maneira de aproveitar o bom momento que vivem. Eles jogam de maneira parecida, mais por dentro. Vini não está só na esquerda e faz mais gols. Rodrygo tem encaixe quase que perfeito do que enxergo de futebol. Jogador dinâmico, com volume de movimentação grande, muito técnico. Ele não vai mudar muito a característica, ele e Rodrygo. Embora marcasse pelo lado, jogava próximo do Neymar. Com Martinelli, podem acontecer trocas do Vini terminar pelo lado, Rodrygo também. Temos tendência de ter mais volume de movimentos e trocas posicionais com esses três e Raphinha. Raphinha teve muita mobilidade comigo nos dois primeiros jogos. Queremos aproveitar ao máximo a qualidade desses quatro para criar dificuldades às marcações adversárias”.
“Pode acontecer durante o jogo, mas não vamos mudar características. São rápidos, mas técnicos e jogam com aproximação também. Muita habilidade, espaço curto. Se o jogo pedir esse tipo de situação, estaremos preparados para fazer, mas não queremos mudar característica, não”.
BAGAGEM PARA A NOVA DATA FIFA
“É tentativa de colocar os melhores em campo, é a primazia do trabalho. Convocar os melhores e colocar o melhor no jogo. Depois disso, quem assimilou mais tende a ter mais facilidade para desenvolver a ideia. Casaram as duas coisas, os convocados com mais rotina têm mais informação e já eram convocados por viverem grandes momentos. Convivência, conceitos táticos, capacidade que demonstram nos clubes. Dos que chegam, os que entendem mais passam, além dos vídeos e conversas comigo. São três convocações, quatro jogos e 18 dias de convivência, sei lá. É muito pouco. Não tem escala, volume grande, mas tendência gradual de ir adquirindo mais conteúdo tático e disseminar isso entre os jogadores. Conforme o tempo vai passando, há tendência de evolução”.
HOLOFOTES EM ENDRICK
“Vou contribuir ao máximo com que eu puder, mas com as limitações de tempo. 24 jogadores para receber atenção também. Será muito bem nutrido de boas informações no Palmeiras com Abel e todo estafe. Vive grande momento, por isso veio à seleção. Vou contribuir com o que eu puder, mas ele não precisa ser pressionado. É baixar expectativa pois não podemos esperar tudo com 17 anos, mas tem potencial gigantesco. Pode se tornar lendário daqui um tempo. Está na perspectiva, mas é procurar deixá-lo leve para produzir e atingir esse nível. Tem que dar segurança para ser ele mesmo. Tirar um pouco a carga e deixá-lo mais robusto emocionalmente para enfrentar esses desafios. Muito difícil ter 17 anos e ser jogador em time grande. Se eu fosse escolher algo dessa convivência, é que seja cada vez mais ele mesmo. Um jogador de 17 anos muito talentoso e que adora jogar futebol”.
SEGURAR A ANSIEDADE DOS GAROTOS
“Eles sabem que estão aqui por mérito. Todos jogam em grandes clubes e muito bem. A expectativa tem a ver com personalidade, mas o controle é viver o presente, não ficar super pressionado para fazer coisas extraordinárias. Procurar saber que estão aqui por mérito e agir com o máximo de naturalidade possível. Não é para fazer diferente, é para reproduzir o que fazem. Vieram pelos grandes momentos que vivem. Se jogarem com naturalidade, o desempenho cresce”.
GABRIEL JESUS
“Não surpreendeu nada. A gente respeita quem está com ele. Temos um corpo profissional da área médica muito competente. O Gabriel [Jesus] não é sobre preocupação com Arsenal ou seleção, é preocupação com ele. Trouxemos por alguns motivos. Mesmo fazendo partida abaixo no Uruguai, foi positivo no jogo. Jogou bem, sustentou posição, criou dificuldade até de maneira individual. Eu confio. Estar aqui é motivo de satisfação, não veio na orelhada. Conversou com ele, disse que estava se sentindo bem e havia duas semanas para o segundo jogo. Achamos interessante arriscar. Está em boas condições, fez nova ressonância e tratamos com cuidado. Se tiver condição, ficará à disposição contra a Argentina. Se não tiver, voltará para o Arsenal melhor do que chegou”.
EDER TRASKINI E LUCAS MUSETTI PERAZOLLI / Folhapress