No próximo dia 9 de dezembro, o Santos Futebol Clube vai promover a eleição para presidente no triênio de 2024-2026. Seis candidatos concorrem ao cargo e todos com uma missão em comum: resgatar o clube diante das dívidas e também do time, para que volte a ter protagonismo.
Nesta quinta-feira (16/11), o primeiro candidato à presidência entrevistado nos estúdios da TV Thathi Band Litoral foi Rodrigo Marino. Ele apresentou as propostas voltadas para a gestão, equilíbrio das contas, formação de times competitivos, acompanhamento das obras da nova Arena e categorias de base.
Ao THMais, Marino explicou as propostas, destacando um novo modelo de investimento, que vai na contramão da Sociedade Anônima do Futebol (SAF). De acordo com ele, caso seja eleito, o Santos vai obter investimentos de R$ 1 bilhão para conduzir as obras da futura arena, além de investir no time.
Confira a entrevista completa abaixo:
Caso seja eleito, o que pretende fazer para equilibrar as contas e, ao mesmo tempo, investir na formação de um time competitivo?
A conta do clube só estará em dia e pagar dívidas se o futebol encaminhar bem. O clube perde receita com eliminações precoces, com qualificações abaixo do ideal e isto gera menor receita do clube. Além de não participar de campeonatos, como a Copa do Brasil, que é o que mais paga no futebol brasileiro, devido a má campanha no Campeonato Paulista.
Por isso devemos formar um time campeão, competitivo, para que chegue nas primeiras posições e aumente as receitas.
Quanto a questão da SAF, o que será adotado no Santos, para não cometer erros que outros clubes que estão brigando contra o rebaixamento do Campeonato Brasileiro estão cometendo? O que fará para trazer investimentos?
A SAF é um modelo novo de gestão no futebol brasileiro, mas uma tendência. Tanto que leis no congresso estão sendo adequadas para que um padrão seja adotado. Até o momento, as SAFs feitas no futebol não me agradam. Porque os valores que os clubes foram vendidos para investidores são muito pequenos perto da história dos clubes. O Cruzeiro, por exemplo, foi vendido por R$ 400 milhões, mas que serão pagos em 10 anos. Na prática, o clube foi comprado por R$ 40 milhões.
Fui buscar uma outra solução, que é um grupo que vem, investe no clube, onde o clube fica com um percentual maior e traz benefício ao clube. Estive em Portugal e a QSI já deu uma sinalização que quer investir no Santos. Será na ordem de R$ 1 bilhão, que será usado para pagar dívida, construir a arena e montar um elenco campeão. Tudo sem vender o clube
Tudo indica que a arena será construída a partir do ano que vem. Como você vai fazer para acompanhar o andamento das obras, cobrando que o prazo de dois anos seja cumprido? E onde o Santos será mandante durante este tempo sem a Vila Belmiro?
Foi firmada uma carta de intenção do Santos Futebol Clube com a WTorre. Quando eu tiver o conhecimento do conteúdo dela, ao assumir o clube, em janeiro, saberemos o que ficou acordado e garantir que o prazo ande e seja cumprido. Me comprometo a divulgar as informações da carta e do andamento das obras.
O Santos pode mandar no Canindé e na Arena Barueri, mas a prioridade será o Pacaembu, que, ao ser entregue, no começo de 2024 vai ser a casa do Santos. A Região Central de São Paulo e na Praça Charles Miller, o santista se identifica. Farei do local, quando os jogos forem do Santos uma espécie de “Match Day”. Será um pré-jogo para receber o sócio torcedor com espaços para fotos, ídolos, loja de materiais e música. Lá será promovido um evento esportivo.
Como fazer com que o marketing do clube se desenvolva e acredita que a futura arena seja um “divisor de águas”?
A arena vai trazer um conforto e mais opções de lazer para a família. Além do jogo, o público terá lojas, espaços de alimentação e assim levar a família tendo a certeza de que levará para um local seguro. Ela terá um tamanho duas vezes maior que a Vila Belmiro e de um tamanho semelhante ao do Pacaembu. Com o Pacaembu inaugurado, o público vai estar acostumado a lotar o estádio.
Na própria arena faremos o mesmo “Match Day”, adotado na Praça Charles Miller. Quero que o torcedor não tenha a experiência de assistir só um jogo de futebol, mas sim um evento esportivo para que atenda todas as expectativas do clube.
O que fará para investir e melhorar o desenvolvimento das categorias de base?
De alguns anos para cá, o nível de formação das categorias de base vem caindo consideravelmente. São dois motivos: a estrutura inadequada e a metodologia de trabalho que é errada.
Sobre a estrutura, nós temos recurso garantido para construir um novo centro de treinamento, em uma área de 1800m². Nele haverá a formação e desenvolvimento dos Meninos da Vila. No local teremos fisioterapia, academia, médico, psicólogo, departamento técnico e tudo para garantir o ótimo desempenho dos garotos. Será uma construção de seis meses e iniciada assim que meu mandato começar.
O investimento será de R$ 10 milhões e levei o projeto ao ex-lateral esquerdo Roberto Carlos, em Madrid. Ele gostou e apoiou a iniciativa.
A metodologia atual só se preocupa em ganhar o jogo, mas não na formação e no desempenho dos atletas. Temos que mudar isto. Vou me reunir com as comissões técnicas das categorias de base e dizer que a avaliação será conforme o desempenho de trabalho apresentado. Vamos fazer uma medição de evolução técnica e física. Se eles apresentarem crescimento, será aprovado. O que menos deve importar é o resultado. Os jogadores tem que mostrar o talento e não ficar refém de resultado dos jogos.
Como o futebol feminino pode voltar a ser campeão?
O time feminino chegou a fases finais, mas temos que ter mais atletas que sejam referência que ajudem a equipe a ser campeã. Trazendo duas ou três jogadoras referências, dá para conseguir os títulos.
É necessário vontade e coragem para ser campeões.
Como fazer com que as negociações de atletas, gerem renda aos clubes e não haja mais equívocos de perdas de joias sem custo ou para a venda muito abaixo do ideal?
É necessário equilibrar a parte financeira, ou seja o clube tem que deixar a necessidade de vender jogadores, como é o que ocorre hoje. Exemplo, se não vender dois ou três jogadores, vai entrar em dívida e não fecha o orçamento. Quando se vende com necessidade, obvio que o comprador vai pagar o que lhe convém.
A base tem que estar ‘quente’, para que forme diversos bons jogadores. Assim, ao vender um atleta, outros surgem a altura para manter a boa qualidade. Com uma economia equilibrada, podemos segurar por mais tempo os atletas e assim melhorar cada vez mais a receita.