SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Na última semana, Marina Sena gerou um burburinho na internet após afirmar que compra roupas na seção infantil. A peça na qual se referia em um comentário em sua rede social era um biquíni amarelo, pequeno e justo, que a cantora vestia enquanto dançava em um vídeo.
Alguns internautas começaram um debate moral pelo fato da cantora estar sensualizando com aquelas roupas. Para Marcio Banfi, stylist e professor no curso de moda da Faculdade Santa Marcelina, a problematização é desnecessária. “O problema seria se tivesse uma criança usando uma roupa muito pequena mostrando o corpo. Ela é adulta”, afirma.
Os comentários dos internautas também jogaram luz sobre até que ponto é possível uma pessoa flutuar entre seções de um departamento de roupa e por que elas fazem isso.
A fashion stylist Yumi Kurita, que trabalhou com revistas, campanhas publicitárias e videoclipes, afirma que já comprou no setor infantil por ter um porte físico menor e achar peças interessantes. Ela diz que o mesmo acontecia com o seu avô, que vestia tamanho 12 e 14. “Não vejo nenhum problema em comprar roupas de outros setores, desde que a roupa vista bem e a pessoa se sinta confortável.”
Em um outro vídeo, publicado em suas redes sociais, Marina Sena aparece com shorts curto e justo amarelo, que também diz ter comprado na seção infantil.
São peças que, segundo a stylist, não precisam de ajustes. Ela afirma que as modelagens das roupas estão aumentando pelo fato de a população estar engordando e as crianças ficarem maiores.
Para Banfi, a questão da modelagem é um grande problema. “Ela não é universal. A gente tem marcas que tem modelagem muito pequena e marcas com modelagem muito grande”, diz. Ele dá exemplo de marcas japonesas que, por causa do biotipo da população do país, tem modelos de roupa menores.
Isso acontece, segundo ele, pela falta de um código que padronize tamanhos de modelagem. Ou seja, um 36 ser 36 em qualquer lugar, assim como um 44. “Infelizmente a gente não tem isso, o que pode acarretar de uma pessoa comprar roupas em outras seções”, afirma Banfi.
O caminho contrário ao de Marina também é feito. Mulheres gordas ou muito altas não conseguem comprar no setor feminino e recorrem a outros. “Eu só vejo o tamanho como o único limite de comprar entre seções”, diz Kurita.
Um ponto que a stylist ressalta é que “as roupas infantis estão cada vez mais com cara de adulto e as roupas de adulto cada vez mais com cara de roupas infantis”. Ela cita coleções de marcas que fazem roupas de mães e filhas iguais.”Como em qualquer geração, as crianças se espelham nos adultos em sua volta e agora eles já crescem com muita influência da internet e das influencers.”
O professor afirma que a roupa infantil não é mais caracterizada por alguma coisa em específico e que é cada vez mais igual a de adulto. “Obviamente isso não seria o ideal porque você tem diferenciações na proporção de corpo.”
Kurita afirma ainda que o mais importante é a pessoa se sentir à vontade e segura com o que veste. “Estamos em 2023 e cada vez mais as novas gerações não querem respeitar os padrões que separam os homens das mulheres, criando uma moda muito mais fluida e livre.”
VITÓRIA MACEDO / Folhapress