SÃO JOSÉ DO RIO PRETO, SP (FOLHAPRESS) – Uma diarista de 27 anos passou mais de dois meses com uma pinça cirúrgica dentro do corpo e só descobriu que o objeto estava na região pélvica ao visitar o marido no CDP (Centro de Detenção Provisória) de São José do Rio Preto (a 440 km de São Paulo), no domingo (12).
Ela pediu para não ter o nome divulgado. Em setembro, a mulher fez uma cirurgia na Santa Casa de Araçatuba (SP) após sofrer um aborto e precisar retirar o feto que estava sendo gerado nas trompas uterinas procedimento em que a pinça teria sido esquecida dentro de seu corpo.
Em nota, o hospital disse que iniciou uma apuração interna e que “tomará as medidas cabíveis ao término dos trabalhos”.
Segundo o advogado da diarista, Mario Guioto Filho, o erro médico foi descoberto no fim de semana quando a mulher foi até o CDP visitar o marido. Ao passar pelo detector de metais, o equipamento acusou que ela estaria com algum objeto em seu corpo.
“Por ser normal que companheiras de detentos tentem entrar com aparelho celular escondidos no corpo, ela foi encaminhada para passar pelo escâner. Para a surpresa viram uma pinça cirúrgica, semelhante a uma tesoura no interior do corpo dela. O médico do CDP foi chamado e avaliou que aquele objeto não havia sido introduzido de forma proposital no corpo”, explica Guioto Filho.
A diarista foi encaminhada ao hospital, onde fizeram um exame de raio-x e constataram que a pinça estava dentro dela. A mulher foi hospitalizada e na segunda-feira (13), passou por cirurgia para a retirada do instrumento. Ela segue internada.
“Eu sentia dores na região da barriga, mas achávamos que era algo normal porque havia perdido feito uma cirurgia há pouco tempo. Nunca imaginávamos que havia um objeto esquecido nela”, explica Ana Délia da Silva, 47, mãe da diarista.
Ainda segundo a família, a diarista perdeu parte do intestino durante o segundo procedimento médico.
“A pinça grudou no intestino e por isso para tirar teve que cortar uma parte do intestino, o que vem dificultando a recuperação dela”, acrescenta a mãe.
Em nota, a Santa Casa disse que está apurando o caso. “A direção da Santa Casa informa que o hospital possui protocolos específicos para que os procedimentos cirúrgicos sejam realizados com segurança para os pacientes. Por isso, já iniciou apuração para esclarecer se o protocolo foi seguido pela equipe que realizou o procedimento”.
Ainda segundo o comunicado, ao fim da apuração, a “direção do hospital tomará as medidas necessárias de responsabilização. A diretoria da Santa Casa de Araçatuba pediu pressa na apuração dos fatos”. A direção médica da instituição informou que iria comunicar o ocorrido ao CRM (Conselho Regional de Medicina (CRM).
O advogado da diarista afirma que irá ingressar com um processo civil por erro médico.
“Além de colocarem a vítima sob um constrangimento, há a questão do erro médico que é o grande problema. Vamos ingressar com uma ação de indenização por erro médico pedindo a justa compensação financeira. Foi uma incompetência daqueles que estavam na cirurgia e do hospital”, diz o advogado.
SIMONE MACHADO / Folhapress