BARRANQUILLA, COLÔMBIA (UOL/FOLHAPRESS) – Nas voltas que a vida dá, o jogo contra o Brasil foi a epopeia perfeita para Luís Díaz e sua família. Eles foram do drama com o pai sequestrado aos dois gols na virada sobre a equipe de Fernando Diniz em Barranquilla.
Diante de uma torcida que xingou o atual presidente colombiano, Gustavo Petro, Díaz é unanimidade. E retribuiu com classe o suporte, mesmo à distância, recebido pelo drama vivido quando o pai ficou encarcerado pelo Exército de Liberação Nacional (ELN).
O volume do coro “Lucho, Lucho” quando a virada se concretizou foi proporcional ao futebol apresentado pelo ponta-esquerda colombiano.
PERIGO CONSTANTE AO BRASIL
Mesmo com o time saindo atrás do placar, Díaz foi quem mais deu trabalho à defesa brasileira – especialmente para Emerson Royal. A torcida já gritava “si, se puede” com 16 minutos de jogo, percebendo que o Brasil não conseguiria sustentar a vantagem até fim.
O jogador do Liverpool cresceu com o ambiente e não economizou no apetite no ataque. E olha que Alisson, seu companheiro de time, fez várias defesas complicadas em finalizações dele e de outros colombianos.
Quando a Colômbia encaixou seu jogo e gols de Luís Díaz vieram, a grande sacada da transmissão local foi achar onde estava o pai do jogador, Luís Manuel Díaz, e eternizar as imagens da emoção sentida depois do turbilhão de incertezas no sequestro.
Ele está super orgulhoso do que eu fiz, muito feliz. Ele foi um ser humano muito valente por tudo o que passou. Não foi fácil para ele. Mas foi muito bonito o que conquistamos. Um grande momento.
Luís Díaz, atacante da Colômbia
E olha que as lágrimas já tinham vindo em profusão no começo da semana, quando pai e filho se encontraram pela primeira vez desde a libertação. O abraço entre eles precedeu a apoteose que foi o jogo no Estádio Metropolitano, diante de um Brasil que não soube neutralizar o melhor jogador colombiano da atual geração – considerando que James Rodríguez é da anterior.
A vitória de Luís Díaz deu combustível a um sentimento de orgulho nacional que já estava explícito em Barranquilla desde a manhã. A cidade se vestiu com as cores da seleção. Profissionais liberais, jovens, idosos, cidadãos de classes sociais diferentes tiraram a quinta-feira para ostentar o escudo da paixão, naquela que é a casa da seleção colombiana nas Eliminatórias.
Ao redor do estádio, som alto de festa e comemoração até altas horas da noite. Luís Díaz e a torcida colombiana têm motivos de sobra. A Colômbia está em terceiro nas Eliminatórias, com nove pontos. O Brasil é o quinto, com sete.
IGOR SIQUEIRA E RODRIGO MATTOS / Folhapress