RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Os 39°C marcados no termômetro não intimidaram os fãs da Taylor Swift que vieram a caráter para ver a cantora americana no Rio de Janeiro. Na fila do estádio Nilton Santos, no Engenho de Dentro, swifties -como são chamados os fãs da loirinha- vestiam casacos, luvas e botas de salto alto para ver o primeiro show de Taylor no Brasil para a turnê The Eras Tour.
Os figurinos fazem referência a clipes, discos, shows e aparições da artista. Mas para usá-los, é preciso enfrentar o calor para não perder a pose.
“Está muito quente para falar com as pessoas”, diz a salvadorenha Lili Reyes, 24, que viajou às 18 horas para vir ao show. Ela saiu de El Salvador, passou pelo Panamá e São Paulo até chegar ao Rio.
A jovem veste uma roupa toda vermelha, com direito a luvas e cachecol, em uma referência ao álbum Red. “Não esperava que estivesse tão quente”, ela completa, enquanto usa a luva em apenas uma mão e prende o cachecol na bolsa.
O calor também foi uma surpresa para o analista de sistemas Pedro Andrade, 23. Quando o show da Taylor no Brasil foi anunciado em junho, não se imaginava que a sensação térmica no Rio bateria recordes na semana dos concertos.
“Eu comprei achando que conseguiria usar”, diz Pedro, apontando para um casaco branco felpudo. “Pensei que daria para tirar foto pelo menos, mas, nesse calor de 50°C, nem isso”.
A roupa do jovem é uma releitura da roupa usada por Taylor no VMA do ano passado. No lugar do vestido azul marinho estrelado, Pedro usa uma camisa azul com estrelas brancas bordadas.
Ele também virá para o show da americana no domingo, no mesmo local. O look para o dia já está escolhido, uma adaptação de Reputation.
“Vai ser uma roupa toda preta com correntes. Porque não basta passar perrengue um dia só”, afirma.
Outro fã com figurinos descasados com o clima foi o assistente de logística João Victor Costa, 25, que veio de Imperatriz do Maranhão. Diferente dos outros, ele não escolheu um figurino único da cantora para replicar; preferiu usar uma jaqueta jeans com imagens de todos os discos de Taylor.
“Eu vi [a jaqueta] no Instagram e encomendei, chegou 10 dias antes de vir para o Rio. Não pretendo tirar não, mesmo com todo esse calor”, diz ele, segurando uma sombrinha para se proteger do sol.
Desafio para uns, o calor foi oportunidade para outros. Na fila, vendedores ambulantes ofereciam leques e sombrinhas para os fãs se protegerem do sol e se refrescarem.
Nenhum dos objetos é permitido dentro da arena e vão ser jogados fora antes do show. Ainda assim, os fãs abriram a carteira para comprá-los.
“O leque grande é R$30, já vendi uns 80 hoje e estou na segunda remessa. Tinha o pequeno, de R$15, mas acabou logo”, conta Guilherme Romão, 22, vendedor ambulante.
“Quando as pessoas estão para entrar no show, elas até pedem para a gente trocar o leque por faixa [do artista]. Para a gente, é um bom negócio”.
O jovem aproveita os grandes shows para vender de leques à souvenirs como faixas, bandeiras e camisas. Na semana passada, ele trabalhou no Rio e em São Paulo, nas filas para o show do grupo mexicano RBD. Agora, se prepara para a turnê de Taylor: ficará no Rio para os três concertos neste fim de semana e depois seguirá para mais três na capital paulista.
Outro produto requisitado na fila era a água. Uma garrafinha com 500 ml estava sendo vendida por R$ 10. Para a reportagem, ele fez a promoção de duas pelo mesmo preço.
O calor também transformou a fila para o show em um mar de sombrinhas. As pequenas, mais baratas, custavam R$ 30. Já para as grandes, capazes de abrigar mais de uma pessoa embaixo, o preço sobe para R$ 50.
O suor e as queimaduras de sol, porém, vão virar histórias para os swifties. A fila se tornou um lugar para fazer amigos e, seguindo a tradição do The Eras Tour, trocando pulseirinhas.
“Tem uma música da Taylor que fala sobre a troca de pulseiras como troca de experiências e de fazer amizades. Então, as pessoas começaram a fazer as pulseirinhas e trocar entre si, nas filas”, explica a estudante gaúcha Lara Costa, 17, que veio da cidade de Rio Grande.
A música que cita os adereços é a You’re On Your, Kid, em que Taylor diz para aproveitar o momento e não ter medo. Algumas das pulseirinhas trocadas na fila são feitas de miçangas e têm as letras de canções da artista, nomes e cidades das pessoas que as fizeram. A ideia, diz Lara, é que se tornem recordações dos shows.
A menina e a mãe, Priscila, 42, chegaram às 7h30 na fila e passaram o dia esperando a abertura dos portões do show –que abriu, pontualmente, às 16h com direito a contagem regressiva.
A mãe e filha costumam ir a shows juntas. Já foram aos de Ed Sheeran, Harry Styles, Nando Reis e Luan Santana. Mas, o da americana, é especial, diz Priscila.
“Nós percorremos 1.800 km para vir para cá. Sempre levo em todos os shows que minha filha gosta, mas nunca passei tanto calor quanto agora. Mas, pela Taylor, vale a pena”, completa.
Outra fã que veio de fora do Rio, a hoteleira Jessika Agnes, 29, de Campinas, explica o diferencial da cantora para os demais artistas. Segundo ela, as músicas de Taylor falam de sentimentos conhecidos pelo público de diversas faixas etárias.
“A Taylor é uma artista que fala muito da vida pessoal e de sentimentos. Você se reconhece nessas histórias, que já passaram por diferentes fases da vida. Quando eu tinha 15 anos e ouvia [a música] Fifteen, eu sentia que ela cantava para mim”, afirma Jessika. Ela completa:
“A gente se identifica com as músicas. Eu brinco que não faço terapia, eu ouço Taylor Swift”.
O policiamento na fila e no entorno do estádio Nilton Santos foi reforçado pela Polícia Militar e pela Guarda Municipal. Na semana passada, houve relatos de arrastão após o final dos dois shows do RBD, que aconteceu no mesmo local.
Segundo os policiais que estavam fazendo o patrulhamento nesta tarde, os únicos acionamentos que tiveram foram de pessoas que passaram mal por conta do calor.
CAMILA ZARUR / Folhapress