CEOs dizem que ainda há muito a ser feito para empresas terem equidade racial

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Lideranças de empresas de grande porte, como Ambev, Carrefour, Mondelez e seus gestores na área de Diversidade e Inclusão reconheceram, durante o Fórum Internacional da Equidade Racial, que ainda há muito a ser feito para melhorar a equidade racial no meio corporativo.

No evento, realizado nesta sexta (17) na Fiesp, os representantes destacaram as ações que têm sido desenvolvidas interna e externamente para que a equidade racial saia do papel, seja por meio de um melhor programa de recrutamento, capacitação ou pela ascensão de pessoas negras a cargos de chefia.

Um total de 49 empresas já são signatárias da Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial, que conta também com representantes da sociedade civil e do poder público. Entre as ações do grupo está, por exemplo, o Iere (Índice de Equidade Racial nas Empresas) 2023, ranking que avalia todo ano as ações afirmativas dessas companhias no combate às desigualdades raciais no mercado de trabalho. Outra iniciativa que busca soluções para o tema é a Mover.

“Há 82 interessadas em participar na lista de espera. As nossas empresas construíram a discriminação no mercado de trabalho na hora de contratar e, agora, a intenção é mudar esse cenário, impactar 3 milhões de pessoas por meio da educação. A Mover aposta no letramento racial das companhias”, diz Eduardo Santos, presidente do Conselho da Mover.

O presidente da Ambev, Jean Jereissati, afirmou que, há cinco anos, fez uma reflexão sobre o que a empresa tinha conquistado e o que queria dali em diante. “Nos tornamos global, não queríamos ser apenas uma empresa de bebida, mas que lutasse pelo Brasil.”

Para isso, diz que a companhia apostou na inclusão produtiva e assumiu metas. “É uma jornada que está só começando, mas estamos caminhando, como a contratação de fornecedores e líderes negros, treinamento antirracista com todos os fornecedores, agências de publicidade mais diversas. Essa discussão nos leva mais longe.”

Para Liel Miranda, CEO da Mondelez, o quadro de funcionários da empresa não representava o seu consumidor. Entre as ações estão o programa de trainee exclusivo para negros, aumento no número de lideranças negras e investimento em fornecedores negros. “O problema da equidade racial não é só do governo ou das lideranças negras, mas de todos nós.”

Segundo Luana Ozemela, vice-presidente de Impacto do iFood, o estudo Impacto Socioeconômico das Operações do iFood no Brasil, feito em parceria com a Fipe (Fundação de Estudos Econômicos), mostrou que sete de cada dez entregadores da plataforma são pardos e pretos.

“O delivery gera renda, mas como melhorar esse ganho? Todo entregador no iFood deve ganhar acima do salário mínimo e incentivamos a capacitação por meio de bolsas de estudo e acompanhamento, por exemplo. Atualmente, sete de cada dez entregadores têm o ensino médio, e alguns, o superior. Isso impulsiona a mobilidade social.”

Segundo ela, a empresa tem 250 mil entregadores por mês. Desse total, das pessoas que fizeram o Encceja (Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos) em 2023, 2,3% eram do iFood.

Stephane Maquaire, presidente do Carrefour Brasil, afirmou que o letramento racial e o treinamento de funcionários têm sido uma constante nas lojas do grupo. Internamente disse que há metas para contratação de líderes negros. “Quero que as pessoas acreditem que elas podem ocupar cargos de liderança.”

HAVOLENE VALINHOS / Folhapress

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