Yago brilha na Euroliga enquanto sonha com vaga em Paris-2024

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Foram quase cinco anos sem nenhum brasileiro disputando uma partida da Euroliga, principal torneio de basquete da Europa. O tabu chegou ao fim em outubro, quando Yago Mateus fez sua estreia pelo Estrela Vermelha, da Sérvia. Em menos de um mês, o armador de 1,75m, grande destaque da seleção brasileira na última Copa do Mundo, já conquistou uma das torcidas mais apaixonadas do esporte e foi além: estreou como titular.

Foi na quinta (16), quando o Estrela Vermelha (Crvena Zvezda na língua local) enfrentou o Olympiakos, na Grécia, e perdeu por 88 a 83. O brasileiro fez nove pontos, deu três assistências, e saiu bastante aplaudido. “Quero escrever uma história bonita, crescer, evoluir o meu basquete, ajudar a equipe a disputar todos os títulos possíveis. Fui muito bem recebido e quero retribuir todo esse carinho”, disse ele, por escrito, ao Olhar Olímpico, ainda antes do jogo.

A história recente mostra brasileiros fazendo carreira no basquete europeu quase que exclusivamente na Espanha. Foram os casos de Tiago Splitter, Anderson Varejão, Augusto Lima, Marcelinho Huertas e Vitor Benite, entre outros. Yago optou por um caminho incomum e deixou o Flamengo para jogar pelo Ulm, da Alemanha, na temporada passada.

“Estava muito certo do que queria quando fui para Ulm. Tinha boas referências da cidade, do clube, da Liga da Alemanha, pelas conversas que tive com o Felício, que tinha jogado pela equipe na temporada anterior. E isso facilitou ainda mais a minha decisão de mudar para a Europa”, explica.

Com ele e Bruno Caboclo no time, o Ulm venceu pela primeira vez a Bundesliga, e ainda chegou às quartas de final da EuroCup, que é uma espécie de Liga Europa do basquete. “Ter o Bruno Caboclo junto foi muito bom também. Fomos muito felizes em Ulm, foi um ano mágico, maravilhoso, que vai ficar marcado em mim para sempre.”

Caboclo também seguiu da Alemanha para Belgrado, mas para o maior rival do Estrela, o Partizan. Na quarta (15), ele estreou pela equipe com impressionantes 19 pontos e 23 de eficiência em derrota por 94 a 85 para o Bayern de Munique. Logo na estreia, foi o cestinha do time.

É um novo momento para o basquete brasileiro, que ainda tem Georginho de Paula como titular do Ulm na EuroCup e Raulzinho contratado pelo Fenerbahce, da Turquia. O armador, porém, ainda não estreou, porque lesionou o joelho logo no primeiro jogo da Copa do Mundo.

E foi na ausência do outro armador do elenco, com a necessidade de passar mais tempo em quadra, que Yago fez sua melhor competição pela seleção brasileira. Ainda que o Brasil tenha sido eliminado na segunda fase, o ‘Monstrinho’ terminou como 11º jogador mais eficiente.

“Jogar pela seleção brasileira é diferente. Vestir a camisa do Brasil é sempre um orgulho, uma honra e uma responsabilidade enorme. Deixo tudo em quadra, busco sempre dar o meu melhor pelo meu país. Fico feliz com o reconhecimento, mas fico mais feliz quando o grupo todo alcança os objetivos. Fizemos uma boa Copa do Mundo, mas só estaríamos realmente satisfeitos se tivéssemos conseguido a vaga olímpica para Paris-2024”, comentou.

As chances agora passam pelo Pré-Olímpico no ano que vem, ao fim da temporada de clubes. São 24 times, divididos em quatro grupos, jogando por quatro vagas olímpicas. Na disputa, seleções como Itália, Montenegro, Espanha, Grécia, Lituânia e Porto Rico. “Mostramos que temos condições de jogar contra qualquer seleção do mundo e vamos brigar por essa vaga para os Jogos Olímpicos, é o nosso desejo, é o nosso objetivo, é o sonho de todos”, disse Yago.

“Temos um grupo que mescla atletas mais jovens, mas já com bagagem internacional, com outros mais experientes, mas com sangue nos olhos e com muito para contribuir com a seleção brasileira. Esse equilíbrio é importante e é o que vai nos ajudar a ter um time mais forte a cada dia, mais homogêneo e maduro a cada campeonato”, avalia.

O sorteio do Pré-Olímpico deve acontecer no próximo dia 27, e Yago sabe que quem vier pela frente será pedreira. “Nosso objetivo está muito bem definido: chegar ao Pré-Olímpico fortes, para jogar com intensidade, com o que temos de melhor, e brigar por essa vaga olímpica. Sabemos que, independentemente de quem forem os adversários, ninguém vai ter moleza, não existe jogo ganho de véspera, mas acredito muito na nossa força, no nosso grupo, e a Copa do Mundo foi uma demonstração do que podemos fazer e de como vamos entrar em quadra.”

DEMÉTRIO VECCHIOLI / Folhapress

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