Elza Soares gravou ‘Preciso Me Encontrar’ com Negra Li pouco antes de sua morte

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – “Deixe-me ir, preciso andar, vou por aí, a procurar”… É difícil não se emocionar ao ouvir, na voz rouca de Elza Soares (1930-2022), o trecho inicial de “Preciso Me Encontrar”. A música de Candeia eternizada na voz de Cartola é um dos maiores clássicos do cancioneiro brasileiro, e pouca gente sabia que Elza gravou uma versão dela pouco antes de sua morte. Mantida inédita até então, acaba de ser lançada.

E Elza não está só: o single é uma releitura que conta com a participação de Negra Li, e tem um simbolismo especial por ter sido lançado às vésperas da comemoração do Dia da Consciência Negra, nesta segunda-feira (20).

“Foi uma junção dos astros”, diz à reportagem Vanessa Soares, neta da artista. “Estamos conquistando voz e poder, e a Negra Li tem a entrega como Elza, por isso essa canção tem um resultado espetacular”.

Gravada como parte da trilha sonora do filme “Me Tira da Mira” -lançado em 2022 e com Cleo Pires no elenco-, a canção acabou não integrando o longa e não foi lançada devido à morte de Elza, no início daquele mesmo ano. Vanessa e a equipe da cantora acharam melhor guardá-la para disponibilizar o single num momento mais adequado. Eles sabiam que tinham em mãos mais uma joia da música nacional.

A faixa ganhou produção e arranjos de Diego Timbó, que já havia trabalhado como produtor de faixas de Iza, além de nomes como Pabllo Vittar e Luísa Sonza. Ele conta que teve a ideia de trazer Elza para a canção durante a produção de “Me Tira da Mira”.

Durante o processo de criação, Timbó pensou em mixar a melodia de “Feeling Good”, originalmente de Nina Simone, com “Preciso Me Encontrar”. Faltava consultar Elza, que topou prontamente.

“Foi inacreditável quando ela disse que se sentia confortável com o que propus”, lembra Timbó, que em seguida, levou um susto. “Ela pegou Covid na semana da gravação”, conta. A gravação no estúdio foi adiada em duas semanas, no final de 2021. “Ela estava recém-recuperada mas muito forte, ficou um trabalho lindo que reverencia Candeia e a história dela mesma.”

JÚLIO BOLL / Folhapress

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