SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Bolsa brasileira abriu em alta e operava acima dos 125 mil pontos nesta segunda-feira (20) impulsionada pela alta do petróleo e do minério de ferro no exterior, que beneficiavam as ações da Vale e da Petrobras, as maiores do Ibovespa.
A sessão desta segunda, no entanto, deve ter volume reduzido por conta do feriado do Dia da Consciência Negra em diversas cidades do Brasil, incluindo São Paulo.
Já o dólar recuava novamente, impactado pelas apostas de cortes de juros pelo Federal Reserve, banco central americano, nos Estados Unidos, após dados fracos sobre a economia do país, em especial indicadores de inflação, divulgados na semana passada.
“A queda resultante das taxas dos Estados Unidos e a fuga dos portos seguros para os ativos de risco abalaram o dólar”, disse Eduardo Moutinho, analista de mercado da Ebury. “Os mercados já eliminaram qualquer chance de aumentos adicionais por parte do Fed, e agora esperam que o primeiro corte nas taxas de juros ocorra em maio de 2024.”
Nesta semana, o Fed deve divulgar a ata de sua última reunião de política monetária, trazendo mais informações sobre as próximas decisões de juros do país.
No exterior, o índice que mede o desempenho da moeda americana ante outras moedas fortes recuava 0,33%, endossando a perda global de força do dólar.
Às 11h53, o Ibovespa subia 0,57%, aos 125.489 pontos, enquanto o dólar caía 0,84%, cotado a R$ 4,863. As ações da Petrobras e da Vale avançavam 0,68% e 2,55%, respectivamente.
No Brasil, “o debate sobre a meta fiscal de 2024 deve continuar gerando ruído sobre o mercado de câmbio, embora acreditemos que estes já tenham sido parcialmente digeridos”, disse Moutinho, referindo-se a críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao objetivo estabelecido por sua equipe econômica de zerar o déficit primário no ano que vem.
Parte do governo e parlamentares chegaram a defender um afrouxamento do alvo com menções a possíveis metas de déficit de 0,25% ou 0,50% do PIB para o ano. Nos últimos dias, porém, membros do governo afirmaram que a meta de déficit zero em 2024 não será alterada, enfatizando a defesa pela aprovação de medidas que ampliem a arrecadação.
“Vemos espaço para o real continuar com a performance, com um ambiente mais construtivo para os eventos de risco [no exterior] nos próximos dias”, completou Moutinho.
Nas Bolsas, a semana não promete ser muito movimentada.
De acordo com a equipe da Ágora Investimentos, a segunda-feira é de fôlego bastante limitado nos mercados internacionais, sem muitas novidades nos últimos dias, com investidores ainda ajustando suas posições a um cenário de juros mais baixos.
“O fôlego curto no exterior e o feriado local não sugerem grande interesse por risco em nosso mercado, mas o desempenho dos mercados acionários lá fora e das principais commodities pode favorecer algum ajuste positivo por aqui”, avaliou em relatório enviado a clientes mais cedo.
Além disso, feriados no Brasil e nos EUA dificultam os negócios.
“Teremos o feriado de Thanksgiving [Ação de Graças] nos EUA na quinta-feira (23) mantendo fechadas as negociações durante todo o dia, além de encerrá-las mais cedo na sexta-feira (24) com funcionamento até às 13h. No Brasil, a semana também trará poucos indicadores econômicos relevantes”, aponta a equipe da Guide Investimentos.
Na sexta-feira (17), o dólar fechou em alta de 0,73%, a R$ 4,9053. Na semana, acumulou leve queda de 0,18%.
Já o Ibovespa fechou com leve ganho de 0,10%, a 124.773 pontos, o maior patamar de fechamento desde 29 de julho de 2021. Na máxima do pregão, chegou a superar os 125 mil pontos pela primeira vez desde 2021, impulsionada pelo ganho da Petrobras
Com essa performance, o Ibovespa acumulou um ganho de 3,56% na semana, a quarta seguida no azul, ampliando a valorização em novembro para 10,35%. Em 2023, registra elevação de 13,78%.
As ações da Petrobras (PETR4) fecharam em alta de 3,07%, a R$ 36,64 impulsionadas pela valorização dos preços do petróleo no exterior, com o barril de Brent (referência internacional) em alta de 4,12%, a US$ 80,61. O WTI (referência nos EUA) subiu 4,04%, a US$ 76,04.
Investidores também repercutiram o IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central), que recuou 0,06% em setembro na comparação com o mês anterior, segundo número dessazonalizado. A leitura do mês foi bem pior do que a expectativa em pesquisa da agência de notícias Reuters, de avanço de 0,20%, e marcou o segundo mês seguido no vermelho.
O índice apontou contração de 0,64% no terceiro trimestre, na comparação com os três meses anteriores, e mostrou perda de força ao longo do ano, depois de ter avançado 2,39% no primeiro trimestre e 0,75% no segundo.
Os números trouxeram a percepção de que a inflação pode perder ainda mais força no Brasil, o que contribuiu para o terceiro dia seguida de queda dos juros futuros.
O juro para janeiro de 2025 fechou a 10,43%, ante 10,50% do ajuste anterior, enquanto a taxa para janeiro de 2026 ficou em 10,13%, ante 10,21% do ajuste anterior.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2027 foi para 10,26%, ante 10,35%. Já a taxa para janeiro de 2028 terminou em 10,51%, ante 10,59%. O contrato para janeiro de 2031 marcava 10,89%, ante 10,97%.
Redação / Folhapress