SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Com letras muitas vezes explicitamente sexuais e recheadas de “toma, toma” e “mete, mete”, o funk definitivamente não é o tipo de música que todo mundo vai escutar na sala de casa, com a família por perto. Mas, se para alguns pode rolar constrangimento, foi justamente nesse ambiente que alguns jovens talentos que estouraram cantando esse ritmo encontraram seu maior apoio.
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – É o que explora “Mães do Funk”, série documental sobre a rotina de Val (mãe de MC Kevin e Suevilyyn), Cláudia Santos (mãe de MC Don Juan e MV), Ana Lee (mãe de MC Pedrinho e MC Nando), Cláudia Moura (mãe de MC 7Belo) e Lidiane (mãe de MC Brinquedo) que, hoje em dia, também são empresárias dos filhos funkeiros. A produção estreia na MTV nesta quarta-feira (22).
Em entrevista à Folha de S.Paulo, o grupo conta que, sim, foi um baque quando os rebentos começaram as respectivas carreiras. “Tomamos um susto porque todos começaram com putaria. Na época, o funk era ostentação e putaria”, lembra Ana Lee.
Um de seus filhos, MC Pedinho, começou na música aos 11 anos com a música “Dom Dom Dom”. Em 2014, também viralizou com a música “Se Prepara”, em parceria com Livinho. No ano seguinte, aos 13 anos, foi proibido pela Justiça de se apresentar por causa do teor pornográfico das canções.
Lee, inclusive, conta que preferiria que Pedrinho e seu outro filho, MC Nando, seguissem pelo caminho dos estudos, e que se formassem em medicina ou direito. “Mas, agora, eles se sentindo bem, então está ótimo para mim.”
Já a mãe de MC Kevin, morto em maio de 2021 após cair da sacada de um prédio, e a mãe de MC Don Juan, um dos funkeiros mais ouvidos do país, contam que esperavam que os filhos fossem se tornar jogadores de futebol. “Quando ele me disse que queria ser cantor, achei que estivesse louco. Nunca tinha visto ele cantar, nem dentro do chuveiro”, conta Val, aos risos.
Como dizem que amor de mãe é o maior do mundo, mesmo com a contrariedade inicial, elas tornaram os sonhos dos filhos os seus e agora agenciam com mãos de ferro suas carreiras. E isso inclui fazer um pouco de tudo: marcar reuniões e shows, cuidar das gravações, administrar a parte financeira…
Mesmo com as ostentações típicas de algumas letras do funk, as matriarcas dizem que as crias ainda estão na batalha, embora já tenham conquistado muitas coisas. Val diz que considera a casa onde vive hoje um palácio tudo graças às conquistas do filho.
Se antigamente não tinha dinheiro para ter uma cama ou comprar itens básicos, como uma caixa de ovos, agora está tranquilo. “Para quem já morou em porão e albergue, estou no lucro”, afirma.
MARIA PAULA GIACOMELLI / Folhapress