Fãs de Taylor Swift, sem poder acampar no Allianz, se revezam com medo de furto

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um grupo de fãs de Taylor Swift, que se apresenta em São Paulo nos próximos dias 24, 25 e 26, está acampado na praça Conde Francisco Matarazzo Junior, ao lado do Allianz Parque, já que a organização do estádio proibiu o público de acampar com dias de antecedência na arena. O objetivo dos fãs é ficar nos primeiros lugares da fila para entrar no show.

Procurada pela reportagem, o Allianz Parque diz que a organização das filas e horários é definida pelo promotor do evento e que as equipes do estádio não abordam fãs que estão nas filas. “O Allianz Parque reforça que desencoraja a formação de filas em vias públicas para os eventos realizados na arena, prezando pela segurança de quem transita pelo local, dos moradores da região e para que os fãs não fiquem expostos”, diz a nota.

Arthur Andrade, de 25 anos, diz que o grupo do qual ele faz parte tem 30 pessoas e está no local há duas semanas. Isso não significa que todos eles estão lá o tempo todo, mas frequentemente há alguém vigiando o espaço.

Além de Andrade, há representantes de outros quatro grupos na praça nesta quarta-feira (22). Todos eles aguardavam o início das filas para os shows da cantora no estádio do Palmeiras.

Entre os fãs, esses coletivos são chamados de “barracas”, ainda que não haja nenhuma barraca de fato, física, no lugar. Isso porque, segundo Andrade, não é permitido acampar na praça.

Fãs de cada grupo se revezam para ficar de sentinela, ao sereno, perto do portão B do estádio, onde fica a entrada da pista mais próxima ao palco, com os ingressos mais caros.

“Antes estávamos acampando na frente do estádio, entre as grades, e tínhamos segurança. Agora não temos”, diz o fã. Durante toda a semana, a arena contratou funcionários para monitorar a formação de filas.

No sistema de cada grupo, quem fica de sentinela não dorme, diz o rapaz, por temer furtos. Segundo ele, os fãs estão esperando a organização do estádio liberar a formação de filas na entrada do estádio.

“Cada ‘barraca’ tem pessoas que vão em diferentes dias de show”, ele diz. Os integrantes dos diferentes grupos se comunicam para registrar quantas pessoas cada um deles representa, a fim de evitar a furação de fila no dia das apresentações de Swift.

“Temos um grupo no WhatsApp e uma planilha para atualizar os dias de acampamento e as horas que cada um fica. Sempre tem que ter alguém aqui representando, se não uma ‘barraca’ passa na frente da outra.”

Andrade diz que não conhece fãs que tenham desistido de ir às apresentações na capital paulista depois da morte de Ana Clara Benevides, no primeiro show de Swift no Brasil, na última sexta-feira . Na ocasião, a temperatura no Rio de Janeiro chegou a 40ºC e o público foi proibido de entrar com água no estádio Nilton Santos.

O caso levou parte dos “swifties”, como são chamados os fãs de Taylor Swift, a criticarem a cantora, que não prestou homenagens à Benevides no palco e nem entrou em contato com a família da vítima. O público também se mobilizou nas redes sociais contra a Time For Fun, ou T4F, empresa responsável por trazer a cantora ao Brasil.

Isso porque, além da proibição da entrada com água, a sensação térmica dentro do Engenhão foi de 60ºC, dutos de ventilação foram obstruídos e fãs relataram queimaduras nas estruturas de ferro usadas para forrar partes da pista.

Para Andrade, Swift errou em não se pronunciar sobre a morte de Benevides, mas ele condena os fãs que estão se mobilizando contra a cantora.

“A Taylor falhou, não vou passar pano. Do tamanho que ela é, bastaria um tuíte, uma foto, uma homenagem. Mas uma artista do porte dela não fala o que pensa, tem uma equipe por trás”, diz. “Acho raso falar que a loirinha é fria e calculista.”

Segundo ele, as pessoas deveriam exigir responsabilização e esclarecimentos da T4F. “O rebuliço todo começou quando anunciaram os ingressos e milhares de pessoas acamparam aqui na fila. Vivenciamos brigas com cambistas. No Engenhão, tamparam as saídas de ar. Acho que o foco está muito na Taylor, e pouco na T4F. Entendo que [Benevides] estava no show pela Taylor, mas a morte foi por condições geradas pelo grupo que estava cuidando do evento.”

Em relação ao Rio de Janeiro, a mobilização por Swift também tem sido menor em São Paulo. Nos grupos de fãs, há mensagens contrárias à busca pelo hotel que a cantora vai ficar hospedada, para a manter a privacidade da artista.

Na capital carioca, os fãs fizeram festa e cantaram em frente ao Fasano, onde supostamente Swift estava hospedada. Nos últimos dias, as redes sociais foram tomadas com informações, não confirmadas, de que na verdade a cantora teria ficado num iate -e não no hotel.

O hotel de luxo JW Marriott, na zona sul de São Paulo, foi apontado por fãs como o paradeiro da cantora. Mas na manhã e começo da tarde de quarta não havia ninguém para tentar ver Swift. Um segurança do hotel, no entanto, encontrou um cartaz deixado na noite de terça. O pedaço de cartolina traz dizeres escritos com caneta colorida.

Entre eles, a fã que se identifica como Nina Zagari afirma que tem dez anos de idade e ama muito Swift. O cartaz também está repleto de desenhos de coração. Foi o único rastro da estrela pop americana encontrado pela reportagem. Seu paradeiro em São Paulo continua desconhecido para os fãs.

ALESSANDRA MONTERASTELLI E LUCAS BRÊDA / Folhapress

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