Sindicato dos motoristas de ônibus de SP encerra eleição com escolta de urnas e ação da PM

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A eleição do SindMotoristas (sindicato dos motoristas e trabalhadores dos ônibus de São Paulo) terminou nesta quarta-feira (22) marcada por um forte aparato policial que acompanhou a apuração dos votos, o fechamento de terminais e um ataque a tiros que deixou um homem ferido. A chapa que representa a atual diretoria do sindicato saiu vitoriosa, com cerca de 14 mil dos 20 mil votos.

Ao longo da tarde, urnas chegaram à sede do sindicato na Liberdade, no centro da capital, com escolta de carros e motos organizada pela própria comissão eleitoral. A votação ocorreu em garagens de ônibus de todas as regiões da cidade.

A Polícia Militar mobilizou sete viaturas para proteger a sede do sindicato nesta quarta. Uma linha de soldados foi posicionada na entrada, que também tinha uma fita de isolamento para barrar o acesso de pessoas não autorizadas. Cinco policiais acompanharam a contagem dos votos.

O aparato de segurança incluiu equipes da Força Tática da PM e do 7º Baep (Batalhão de Ações Especiais de Polícia), que fazem treinamento especializado em controle de tumultos.

A comissão eleitoral registrou o roubo de uma urna eleitoral na noite de terça (21), em Campo Belo, na zona sul da capital. Segundo integrantes da comissão, o caso ocorreu na mesma garagem de ônibus em Campo Belo, na zona sul, onde um homem foi baleado.

Com a presença da polícia, a apuração ocorreu sem grandes confusões. A contagem dos votos, em cédula de papel, foi aberta aos representantes de todas as chapas que concorrem no pleito.

Uma bomba caseira chegou a estourar em frente ao sindicato por volta das 15h30 em meio a festejos antecipados da chapa 4 — Resgate Raiz, enquanto um carregamento de cerveja chegava ao local. A última urna havia acabado de ser entregue.

Ao longo da contagem, o candidato a presidente pela chapa 4, Edivaldo Santiago da Silva, avaliou que a votação de seu grupo poderia ter sido melhor e admitiu que José Valdevan de Jesus Santos, o Noventa, segue com influência na categoria.

A abertura das urnas ocorre um dia após um protesto de motoristas fechar nove dos 32 terminais de ônibus da capital. O protesto foi organizado pela oposição do sindicato. Milhares de passageiros foram afetados por falta ou atraso dos coletivos.

Três das quatro chapas envolvidas na disputa pediram o adiamento da votação por três meses. Eles querem a substituição das cédulas de papel por urnas eletrônicas.

O adiamento chegou a ser aprovado em reunião da categoria na segunda-feira (20), mas uma decisão da Justiça do Trabalho anulou a assembleia e manteve a eleição. A decisão atendeu aos interesses da única chapa contrária ao adiamento, a de número 4.

A chapa 4 tem como um dos seus principais articuladores Cristiano de Almeida Porangaba, mais conhecido como Crizinho. Ele era oficialmente presidente do sindicato até o último dia 10 de novembro, mas perdeu a função com a recondução ao cargo de Valdevan Noventa –que era candidato à reeleição como cabeça da Chapa 2 – Resistência e Ação.

Apesar da recondução, o grupo ligado a Crizinho continuou em cargos de diretoria e efetivamente comanda o sindicato. A oposição afirmou que a chapa de Crizinho conseguiu distribuir nas garagens urnas que não são oficiais.

Já a direção do sindicato afirma que Noventa agiu para atrapalhar a votação de diversas formas, inclusive questionando a validade das urnas, mas ressalta que esses argumentos foram recusados na Justiça.

O ataque a tiros ocorreu por volta das 19h de terça na estrada de Itapecerica, de acordo com a PM. No local está a garagem da viação Campo Belo. Atingido no braço, o homem acabou socorrido pelo Corpo de Bombeiros ao hospital municipal do Campo Limpo.

O roubo da urna teria ocorrido em seguida. Integrantes da chapa 4 acusam o grupo de Noventa como responsável pelo sumiço dos votos. Segundo Henrique Resende, advogado da comissão eleitoral, havia cerca de 120 votos na urna e o roubo não anula a votação.

As eleições do SindMotoristas tem sido marcadas por confusões nos últimos anos. Em 2013, no primeiro pleito em que Valdevan Noventa saiu vendedor, houve um tiroteio que deixou oito pessoas feridas em frente à sede do sindicato. A troca de tiros naquele ano ocorreu após umas paralisação de ônibus no mesmo dia.

Em 2018, a contagem de votos ocorreu dentro do 11º Batalhão da PM, que fica a um quarteirão de distância da sede. Na ocasião, Noventa também foi eleito.

TULIO KRUSE / Folhapress

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